Os antioxidantes são produzidos no organismo e são fornecidos através da alimentação ou da suplementação. Têm-se os polifenóis (flavonóides e ácidos fenólicos), as vitaminas e derivados (C, E e carotenóides) e os minerais (selénio, cobre e zinco).
Antioxidante é a substância que previne, atrasa ou elimina os danos provocados por radicais livres. Esses danos, causados pelo stresse oxidativo, consistem em alterações na estrutura das células e envelhecimento das mesmas, podendo contribuir para o aparecimento de cancro e outras doenças. Alguns estudos sugerem a influência dos antioxidantes no tratamento oncológico.
As células cancerígenas têm um nível de stresse oxidativo superior ao das células saudáveis. Muitos fármacos usados em quimioterapia atuam provocando a morte celular através do stresse oxidativo que causam. Contudo, o sucesso pode ser condicionado pelos antioxidantes presentes no organismo, pois podem estar a promover o desenvolvimento do tumor em vez de interrompê-lo. Em termos gerais, os antioxidantes podem aumentar ou diminuir a eficácia do tratamento, pelo que tanto a suplementação como a restrição dos mesmos na alimentação, durante o tratamento oncológico, são aspetos a considerar.
Estudos que combinam o tratamento da leucemia mielóide crónica e de linfoma com doxorrubicina e vitamina C sugerem que esta contribui para uma maior resistência ao tratamento e para o desenvolvimento da doença. Por outro lado, a ação do resveratrol parece diminuir o efeito anticancerígeno do paclitaxel no cancro da mama. No caso da quercetina, altas doses parecem aumentar o efeito da cisplatina, do 5-fluorouracil, do taxol e da pirarubicina mas, em baixa quantidade, o antioxidante parece causar a ineficácia dos fármacos. Com o zinco, no cancro da próstata, acontece precisamente o oposto. Já em doentes com cancro do pulmão, especialmente se fumadores, a toma de doses elevadas de b-caroteno está associada a um pior prognóstico.
Os antioxidantes também mostram efeitos positivos. É o caso do extrato de Unha-de-Gato, uma planta da Amazónia, em doentes tratados com a combinação de 5-fluorouracil, doxorrubicina e ciclofosfamida, e dos taninos (polifenol), em doentes em tratamento com doxorrubicina. Nestes estudos, os efeitos secundários da quimioterapia diminuíram sem redução da eficácia do tratamento. A epigalocatequina galato (EGCG) parece melhorar a ação da doxorrubicina, da cisplatina e do 5-fluorouracil, reduzindo o crescimento dos tumores. Altas doses de vitaminas A e E e selénio, juntamente com óleos de peixe, parecem abrandar a progressão do cancro tratado com cisplatina. A curcumina, além de se relacionar com o aumento da sensibilidade das células cancerígenas à radioterapia, parece melhorar o efeito da cisplatina. Por outro lado, as vitaminas C e E e o β-caroteno, em doses normais e não em elevadas quantidades, parecem aumentar a força e reduzir a fadiga de doentes com cancro tratados com cisplatina e radioterapia, melhorando a qualidade de vida.
Quanto à melatonina, os resultados são contraditórios; tanto se sugere que contribuam para uma maior redução do tumor e melhor taxa de sobrevivência, como parecem contribuir somente para menos efeitos secundários.
A radioterapia, envolve a produção acrescida de radicais livres, afetando o estado antioxidante das células. O consumo de vitaminas C e E tem vindo a ser relacionado a um agravamento dos efeitos secundários, à redução da eficácia do tratamento e a uma maior mortalidade. Todavia, a curcumina, a EGCG e a melatonina parecem melhorar a ação anti-tumoral do tratamento.
Atualmente, é impossível efetuar uma recomendação geral acerca da ingestão ou administração de antioxidantes durante o tratamento oncológico. Para uma melhor resposta aos tratamentos oncológicos, são necessários mais estudos que esclareçam toda a controvérsia existente.
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