sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Cancro da próstata: o efeito do chá verde

Vários estudos sugerem que o chá verde tem um papel na diminuição do risco de cancro da próstata e como adjuvante no tratamento do cancro da próstata. Pensa-se que muitos dos possíveis benefícios sejam atribuídos aos polifenóis. Estes correspondem a um vasto grupo de fitoquímicos que incluem, entre outros, as catequinas. A epigalocatequina-3-galato (EGCG) é a catequina mais ativa presente no chá verde e tem sido muito estudada em células, animais e humanos.

Em estudos laboratoriais

A EGCG parece bloquear o efeito estimulador do androgénio em células cancerígenas da próstata, desacelerando a progressão da doença e aumentando a morte celular. Além disso, os polifenóis presentes no chá verde parecem apresentar efeitos anticancerígenos, aumentando a morte celular, através do bloqueio das histona deacetilases, as quais foram encontradas em grandes quantidades nas células cancerígenas.

Em estudos com animais

Por outro lado e considerando modelos animais criados para desenvolveram cancro da próstata, um grupo de investigadores forneceu água a um grupo de ratos e água tratada com catequinas de chá verde (equivalente a 6 chávenas de chá verde/dia) a outro grupo. Passadas 24 semanas, os ratos que ingeriram apenas água desenvolveram cancro da próstata, ao passo que os que ingeriram água com catequinas de chá verde apenas mostraram lesões de neoplasia prostática intraepitelial (PIN). Num trabalho semelhante, foi fornecida água com EGCG a ratos com 12 semanas e com 28 semanas de idade. A EGCG preveniu as lesões PIN de alto grau em ratos que começaram o tratamento mais cedo.

Noutro trabalho, ratos implantados com células de cancro da próstata foram injetados com EGCG ou placebo três vezes por semana. Os primeiros apresentaram níveis mais baixos de proteínas necessárias para a atividade do androgénio, o qual é estimulador paras as células cancerígenas da próstata.

Num estudo em que se dividiram os animais em dois grupos, tendo um sido submetido a ingestão de água e outro de água com polifenóis do chá verde, aqueles pertencentes a este grupo viveram mais tempo livre de doença. Os autores consideraram o início da ingestão em idades diferentes, verificando que os animais que iniciaram a toma mais cedo foram os que mais beneficiaram.

Já noutro trabalho, os autores concluíram que, em ratos aos quais foi administrada uma quantidade de polifenóis equivalente a 6 chávenas de chá verde por dia, o desenvolvimento do tumor foi mais lento. Além disso, verificou-se que os polifenóis causaram maiores níveis de morte de células cancerígenas, atrasando a metastização.

O papel do chá verde na prevenção e no tratamento: estudos em humanos

Além de trabalhos em células e em animais sobre o papel do chá verde na prevenção e como adjuvante no tratamento do cancro, foram desenvolvidos alguns em humanos, quer estudos epidemiológicos, quer ensaios clínicos.

  • Estudos epidemiológicos
    No que diz respeito aos primeiros, os resultados são controversos, já que alguns sugerem um efeito protetor no risco de cancro da próstata e outros referem não existir qualquer relação. Fatores alimentares, a localização geográfica, o consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas, entre outros fatores podem estar na origem desta discrepância, requerendo-se mais investigação sobre o assunto.
  • Ensaios clínicos
    No que diz respeito a ensaios clínicos, foram realizados 2 trabalhos randomizados em homens com PIN de alto grau, em que aqueles que consumiram catequinas de chá verde apresentaram menores taxas de desenvolvimento de cancro da próstata que o grupo placebo. Estas conclusões sugerem que as catequinas podem diminuir o risco de cancro, em doentes de elevado risco para a doença.

Os trabalhos foram além da ação do chá verde na prevenção da doença, estudando-se, também, uma possível ação adjuvante no tratamento do cancro da próstata.

Doentes referenciados para prostatectomia radical foram divididos em três grupos; um ingeriu chá verde, outro chá preto e outro água com gás, todos cinco vezes por dia, durante cinco dias. Após análise das amostras de tecido da próstata, foram encontrados polifenóis biodisponíveis nas amostras dos doentes que beberam chá preto ou verde. Além disso, as células de cancro da próstata tratadas com sangue retirado de doentes após estes terem ingerido chá cresceram mais lentamente que as células tratadas com sangue de doentes antes destes o terem ingerido. Estes dados sugerem a importância da ação dos polifenóis na inibição do desenvolvimento da doença.

Noutro estudo, 50 doentes agendados para prostectomia radical foram direcionados para tomarem o equivalente a 800 mg de EGCG ou um placebo, diariamente, durante 3 a 6 semanas. Embora as diferenças não tenham sido significativas, o primeiro grupo de doentes apresentou níveis mais baixos de PSA e de IGF-1 (proteína associada ao aumento do risco de cancro da próstata) que o grupo tratado com placebo.

Doentes selecionados para prostatectomia radical foram divididos em três grupos de consumo diário de: chá verde, chá preto ou água. Verificou-se que, embora ligeira, apenas os homens que ingeriram chá verde mostraram uma redução dos níveis de PSA.

Por outro lado, um grupo de 19 doentes ingeriu cápsulas de extrato chá verde, numa quantidade equivalente a 375 mg de polifenóis/dia, durante 5 meses. Apesar do tratamento ter sido bem tolerado, não se verificou uma redução significativa dos níveis de PSA e todos os doentes viram a doença progredir passados 1 a 5 meses. Neste caso, o tamanho da amostra foi uma limitação importante.

Doentes com cancro da próstata metastizado consumiram extrato de chá verde (6 g/dia), até 4 meses. Os resultados sugerem que o extrato de chá verde pode ter benefícios limitados em doentes com cancro da próstata avançado. Contudo, também neste estudo, o tamanho reduzido da amostra foi uma limitação

Referências: PDQ Integrative, Alternative, and Complementary Therapies Editorial Board. Prostate Cancer, Nutrition, and Dietary Supplements (PDQ®): Health Professional Version. PDQ Cancer Information Summaries [Internet]. Bethesda (MD): National Cancer Institute (US). 2017. Disponível em http://ift.tt/2xH672G. Acedido em 26/9/2017. Fontes de imagens: http://ift.tt/2eOxrHd; http://ift.tt/2xH67zI

 

 

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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Dor no joelho e a prática de yoga

Podem surgir lesões ou dor no joelho durante uma aula de yoga. Alguns exemplos de lesões são: não conseguir dobrar o joelho num ângulo superior a 90º, dor ao colocar o joelho no chão, dor na parte interna do joelho quando cruza as pernas, entre outras.

Quando surge dor no joelho, durante a prática do yoga, o aluno deve parar imediatamente de fazer a postura e deve comunicar ao professor que sente dor. Assim, o professor poderá indicar uma variante dessa postura, permitindo a sua execução sem dor.

O joelho é constituido por muitos elementos e quando um aluno se queixa de dor no joelho, no caso de ser intensa e persistente, o conselho é ir a uma consulta médica. Só através de um diagnóstico preciso, é que se torna possível para um professor de yoga, organizar uma aula de acordo com o diagnóstico e com as recomendações médicas.

Tradicionalmente, o tratamento da dor na zona anterior do joelho focava-se no fortalecimento do músculo vasto medial oblíquo. Pensava-se que, o enfraquecimento deste músculo, levaria a um próvavel desalinhamento da patela, causando problemas. Novos estudos publicados no Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy  e no Journal of Athletic Training vieram mostrar que o fortalecimento da zona abdominal, dos abductores, dos glúteos e o alongamento dos músculos da zona pélvica, são mais eficazes no alívio da dor do joelho do que, apenas fortalecer o vasto medial oblíquo.

Para entender como estes músculos ajudam a corrigir e a melhorar a função do joelho, temos de pensar que o joelho faz parte da perna e da pélvis. Da mesma forma temos de pensar que o correto apoio do pé, vai permitir melhorar a função do joelho, já que contribui para uma maior eficácia no seu funcionamento.

A patela é um osso móvel, que se encontra entre o pé e a pélvis. Toda a disfunção que ocorra entre pélvis e pé, afeta a patela. Contudo, o maior índice de dor e de disfunção do joelho, ocorre maioritariamente por má prestação da zona pélvica. Assim é muito importante manter os músculos abdominais, glúteos e abdutores, fortes, equilibrados e estirados, para que a zona pélvica se mantenha estável e funcione em harmonia com as pernas, a coluna vertebral e restantes elementos do corpo.

Se o movimento do fémur, não se realizar de forma correta, vai causar uma rotação do joelho, durante a flexão e a extensão, que leva ao aparecimento de lesões acompanhadas de dor. Da mesma forma qualquer tipo de instabilidade pélvica, causa disfunção nos abdutores, encurtamento de tendões sacroilíacos e disfunção dos glúteos. Todas estas situações podem produzir dor crónica ao nível do joelho.
Por exemplo, quando surge um joelho valgo ou varo, acontece porque o fémur apresenta uma rotação interna ou externa, que leva a que os joelhos se juntem ou se afastem respetivamente. Este tipo de deformação do fémur, vai desalinhar completamente a perna em relação ao pé, criando problemas não só a nível dos joelhos mas também na forma como se coloca o pé no chão.

A título de exemplo, para corrigir e minorar a dor no joelho valgo, deve ser trabalhado em aula, a abertura pélvica, o fortalecimento dos músculos extensores da pélvis, que ajudam a rodar externamente o fémur e por conseguinte a minorar a dor no joelho.

Claro que não se deve descurar o trabalho com os músculos quadríceps nem com o vasto medial oblíquo, mantendo-os fortes, equilibrados e estirados para ajudarem a estabilizar o joelho

Nestas situações, por favor procure um professor devidamente certificado, para que o possa ajudar a ultrapassar qualquer problema ou lesão. Melhor ainda, promova um diálogo entre o seu médico e o professor de yoga para uma maior e mais rápida recuperação.

Referências:http://ift.tt/2jOI0fd; http://ift.tt/2xW3Unb ; Creditos da imagem: http://ift.tt/2jSutn5

 

 

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terça-feira, 19 de setembro de 2017

Alimentação saudável é sustentável? Não há uma resposta fácil

Nos últimos 50 anos a procura por alimentos triplicou. Neste momento, chegámos a um ponto em que o consumo alimentar humano é 30% superior aos recursos naturais do nosso planeta. Se por lado é importante que a alimentação seja saudável, por outro é igualmente importante que seja ambientalmente sustentável. Mas será que uma alimentação saudável é sustentável?

Numa revisão de literatura publicada na revista Proceedings of the Nutrition Society, os investigadores concluíram que nem sempre uma alimentação saudável é sustentável em termos ambientais. Isto porque as escolhas alimentares têm naturalmente um impacto ambiental nas mudanças climáticas, na terra, no uso de água e energia, assim como na biodiversidade.

Contribuição das escolhas alimentares para o meio ambiente

De acordo com a Food and Agriculture Organization, dietas sustentáveis são: “dietas com baixos impactos ambientais, que contribuem para a segurança alimentar e nutricional, assim como para uma vida saudável, tanto para as gerações presentes como futuras. Dietas sustentáveis são protetoras e respeitadoras da biodiversidade e dos ecossistemas, culturalmente aceitáveis, acessíveis, economicamente justas e acessíveis, nutricionalmente adequadas, seguras e saudáveis, pois otimizam os recursos naturais e humanos “.

Algumas das mudanças alimentares consideradas para ajudar a reduzir o impacto da alimentação nas mudanças climáticas incluem a redução da ingestão de carne e produtos lácteos. No entanto, a viabilidade de tais abordagens, bem como as suas consequências não desejadas, tanto para a saúde como para o meio ambiente, devem ser consideradas antes de se adotarem tais medidas.

Do ponto de vista do consumidor existe uma resistência à redução da ingestão de carne. Uma alimentação à base de alimentos vegetais é considerada insuficiente em proteínas, especialmente por parte dos homens. Além do mais, há uma tendência cada vez maior para o aumento do consumo diário de proteínas, apesar de muitas pessoas já terem um consumo superior ao recomendado, indicando uma interpretação errónea sobre as recomendações diárias de ingestão de proteínas. A razão para este fenómeno poderá ter como base a atual popularidade das dietas com baixo teor em hidratos de carbono.

Do ponto de vista ambiental, os estudos mostram que a substituição de carne por alimentos de origem vegetal não resulta necessariamente num menor impacto ambiental. Por exemplo, se a carne for substituída por frutas e vegetais, mantendo a energia alimentar total constante, haverá um aumento da emissão de gases com efeito de estufa. Além disso, é importante ter em atenção aspetos como o método de cultivo, a região geográfica, o método de transporte e as condições de crescimento, uma vez que afetam fortemente o impacto ambiental dos produtos alimentares.

Do ponto de vista nutricional, qualquer alteração na alimentação deve ser considerada no contexto de uma alimentação completa e sem consequências para a saúde. Por exemplo, os produtos lácteos são fonte de nutrientes essenciais, tais como, o cálcio. Deste modo, é altamente improvável que uma dieta baseada num baixo consumo de hidratos de carbono, mas como um elevado consumo de carne e produtos lácteos, reduza a emissão de gases com efeito de estufa.

Embora alterações na alimentação, como a redução do consumo de carne, possam ser benéficas tanto para a saúde como para o meio ambiente, existem outros possíveis conflitos entre a saúde e os objetivos ambientais. Por um lado, o é peixe considerado muito saudável por ser rico em ácidos gordos ômega-3. Por outro, a sobrepesca representa uma séria ameaça às atuais populações de peixes. Outro exemplo são os produtos com baixo teor de gordura, onde não há uso para a gordura removida e são necessárias soluções inovadoras para reduzir esse desperdício de alimentos.

A questão que se coloca é se os hábitos alimentares são, simultaneamente, saudáveis e sustentáveis. Embora isso seja viável, as evidências científicas mostram que dietas saudáveis ​​são muitas vezes dietas não necessariamente sustentáveis ​​e vice-versa.

A noção de alimentação sustentável continua a ser complexa e nem sempre é bem compreendida. Enquanto os consumidores estão conscientes de que a produção de alimentos tem um impacto nas mudanças climáticas, a maioria dos estudos mostra uma clara falta de conhecimento por parte do consumidor sobre uma alimentação sustentável, assim como muitos equívocos sobre o que são, o que são barreiras para a mudança dos comportamentos alimentares.

A verdade é que não há uma resposta fácil para a questão: se uma alimentação saudável é sustentável, em termos ambientais. Devido à complexidade do termo sustentabilidade e os potenciais conflitos quando pensamos na alimentação saudável é necessária uma abordagem conjunta. Para isso, devem ser incluídos todos os intervenientes ao longo da cadeia alimentar, desde o campo até ao prato. É necessária uma informação e uma comunicação transparentes para criar uma sensibilização dos efeitos das nossas escolhas alimentares diárias, não só sobre a obesidade e a saúde, mas também nas mudanças climáticas.

Fonte de informação: Tradução e adaptação de um texto publicado pela European Food Information Council (EUFIC) em abril de 2013 em http://ift.tt/2fwRkQj : Créditos da imagem: http://ift.tt/2xaRWVP

 

 

 

 

 

 

 

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terça-feira, 12 de setembro de 2017

Canónigos: cultivar a sua nova salada de inverno

Está a acabar o verão, mas com as férias as energias são renovadas para voltar a colocar as mãos na terra e cuidar da sua horta caseira. A sugestão deste mês: canónigos!

São vulgarmente conhecidos como alface-da-terra, alface-de-coelho ou alface-de-cordeiro, todos eles nomes engraçados e sugestivos. A sua família é a Valerianaceae, e é uma planta anual que normalmente atinge 15 a 30 cm de altura, de fácil adaptação. Pode portanto, ser cultivada em alguns vasos ou num pequeno metro quadrado de terra.

Para cultivar canónigos num pequeno vaso, faça assim:

  1. Instale por sementeira direta. Pode adquirir as sementes em qualquer loja de produtos agrícolas, como por exemplo na Agriloja ou no Jardim centro, com possibilidade da compra online.
  2. Coloque as sementes, 0,5 a 1 cm de profundidade na terra a uma distância de 8 a 15 cm. O número de sementes é ajustável conforme a preferência do utilizador.
  3. Para que a planta cresça é recomendável que o solo seja húmido mas não encharcado. Assim a rega deve ser feita todos os dias, de manhã ou ao final do dia.
  4. Os canónigos desenvolvem-se em clima ameno ou frio, por isso setembro é altura ideal para os cultivar, uma vez que com muito calor a floração é induzida.
  5. Tenha o cuidado de ir retirando as ervas daninhas, para não competirem com o alimento dos seus canónigos.
  6. Os canónigos estão prontos a colher em cerca de 1 mês e 1/2 a 2 meses após cultivo. No entanto, pode ir colhendo as folhas à medida que se vão desenvolvendo.

Os canónigos têm baixo valor calórico, com cerca de 19 calorias em 100 gramas e um teor médio de fibra  de 1,7g por 100g. Dão uma salada ideal para sair da rotina das alfaces. No que diz respeito ao teor em vitaminas, os canónigos são uma boa fonte de vitamina A, B9, C, B6 e E. Os valores de iodo, ferro, potássio e fósforo são de considerar.
Esta planta é também rica em compostos fenólicos, entre eles o ácido clorogénico e o ácido cafeico, que lhe confere alguma capacidade antioxidante.  

Os canónigos ficam deliciosos preparados em salada, talvez para acompanhar uma bela piza italiana.

Referências:  Clevely Andy, Katherine Richmond. Manual completo de Plantas e Ervas Medicinais. Lisboa: Editorial Estampa;  http://ift.tt/2ff1AfP, acedido a 5/09/2017. Photo creditsSchwäbin (Wikimedia)
License: CreativeCommons by-sa-3.0-de (deed) and Photo by Daniel Hjalmarsson on Unsplash

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terça-feira, 5 de setembro de 2017

Carcinoma epitelial do ovário: exercício físico pode diminuir o risco

Embora a evidência seja limitada, existem alguns dados que suportam o efeito protetor do exercício físico no risco de carcinoma epitelial do ovário e descrevem benefícios durante a doença e na sobrevivência.

Uma revisão da literatura publicada na revista Gynecologic Oncology que incluiu 26 estudos sugere uma redução significativa do risco na ordem dos 30 a 60% para as mulheres que praticam exercício regular, comparativamente com aquelas que são inativas ou levam uma vida sedentária.

A fadiga, a ansiedade e as perturbações do sono são queixas comuns entre as sobreviventes de carcinoma epitelial do ovário. O estudo realizado no Canada com mulheres sobreviventes de carcinoma epitelial do ovário que seguiam as recomendações da prática regular de exercício físico (150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada) apresentaram menos queixas de fadiga, de neuropatia periférica, de perturbações do sono, de depressão e ansiedade, e alterações do humor, em comparação com sobreviventes que não cumpriam as recomendações.

Mecanismos biológicos do exercício físico

Estão identificados certos mecanismos biológicos que justificam a ligação positiva e benéfica da prática de exercício com a diminuição do risco de cancro e maior sobrevivência.

O exercício físico promove perda de peso, o que modifica as concentrações de citoquinas, resultando numa diminuição das concentrações da leptina e no aumento das concentrações de adiponectina. Estas duas hormonas, a leptina e adiponectina, têm sido amplamente investigadas devido ao papel que desempenham na sinalização celular do cancro.
A leptina é uma adipocina pró-inflamatória associada à gordura corporal. O seu papel é fundamental nas vias de sinalização moleculares para a proliferação celular, na inibição da apoptose, na angiogénese e estimulação vascular. Por outro lado, a adiponectina é uma adipocina anti-inflamatória que está inversamente associada com a gordura corporal e o desenvolvimento do cancro. A adiponectina é fortemente reconhecida por induzir a apoptose e na função da sensibilidade à insulina.

O exercício físico de intensidade moderada também contribui para diminuir o risco de cancro por duas vias: atenua a inflamação crónica e reforça a vigilância do sistema imunológico. O exercício regular altera o número e a função das células da imunidade inata: neutrófilos, monócitos, macrófagos, as células natural killers, muito importantes na vigilância imunológica e as células dendríticas.

São estes argumentos que nos levam a concluir que o exercício físico regular e de intensidade moderada oferece benefícios para a saúde e para a prevenção do cancro, enquanto um estilo de vida sedentário e a atividade física excessiva induzem danos no DNA, inflamação e outras consequências negativas para a saúde.

Referências: Cannioto, R. A., & Moysich, K. B. (2015). Epithelial ovarian cancer and recreational physical activity: a review of the epidemiological literature and implications for exercise prescription. Gynecologic oncology, 137(3), 559-573.; Stevinson, C., Steed, H., Faught, W., Tonkin, K., Vallance, J. K., Ladha, A. B., … & Courneya, K. S. (2009). Physical activity in ovarian cancer survivors: associations with fatigue, sleep, and psychosocial functioning. International Journal of Gynecological Cancer19(1), 73-78.; Schmitz, K. H., Courneya, K. S., Matthews, C., Demark-Wahnefried, W., Galvão, D. A., Pinto, B. M., … & Schneider, C. M. (2010). American College of Sports Medicine roundtable on exercise guidelines for cancer survivors. Medicine & Science in Sports & Exercise42(7), 1409-1426.; Créditos da imagem: designed with the <a href=”http://ift.tt/2x6S9cZ Editor</a>

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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Influência da ingestão de cálcio na formação de metástases ósseas

A maior parte das doentes com cancro da mama avançado desenvolve metástases ósseas, manifestando dor crónica, níveis sanguíneos de cálcio elevados, fraturas e compressão da medula espinal e das raízes dos nervos, com grandes implicações na qualidade de vida. Além disso, células de cancro da mama micrometastáticas são encontradas em até 80% das doentes que morrem da doença. Na altura do diagnóstico, cerca de 30% das doentes já apresentam estas células, as quais podem permanecer “adormecidas” nos ossos durante anos mas, quando ativadas, levam à destruição óssea.

A formação de metástases ósseas parece ocorrer em locais onde o fornecimento vascular é maior, coincidindo com os locais onde as taxas de turnover ósseo são elevadas. Ora, esta taxa parece ser um importante fator na formação e crescimento de metástases ósseas no cancro da mama.

A quantidade de massa óssea presente no esqueleto resulta da formação e da reabsorção, e é a esta reversão/remodelação que se dá o nome de turnover. Este está diretamente relacionado com a necessidade corporal de manter um nível adequado de cálcio nos fluídos orgânicos, bem como com a necessidade de manter a integridade do esqueleto. Assim, o turnover permite fornecer ou retirar cálcio da circulação, sendo muito sensível à disponibilidade deste mineral.

metastases osseas e calcioA influência do cálcio

O cálcio da dieta tem influência no risco de cancro e na sua progressão. Alguns mas não todos os estudos epidemiológicos relacionaram uma baixa ingestão de cálcio a um risco aumentado de cancro da mama. Poucos estudos investigaram o impacto do cálcio da dieta na progressão do cancro da mama. Contudo, uma baixa ingestão de cálcio parece acelerar o crescimento tumoral no osso, neste tipo de cancro e em estudos realizados com ratos. Da mesma forma, a baixa ingestão no mineral contribuiu, também, para uma maior formação de osso. Assim, uma dieta pobre em cálcio parece estar relacionada com um maior turnover ósseo.

A importância da taxa de turnover ósseo no crescimento tumoral e nas metástases ainda não foi bem explicada. Alguns estudos mostraram que um aumento desse turnover  induzido pela remoção dos ovários está associado a um aumento da destruição óssea por metástases ósseas de cancro da mama, em modelos animais. O estado de redução de estrogénios, devido a essa remoção, não parece ter um papel direto na destruição óssea mediada pelo tumor, já que as células usadas para a indução do cancro eram negativas ao recetor de estrogénio.

Uma ingestão insuficiente de cálcio é bem reconhecida como causa de turnover ósseo aumentado e perda de osso. Num trabalho publicado no mês passado, os autores verificaram que, no caso dos ratos alimentados com uma dieta pobre em cálcio, houve um aumento do turnover ósseo e perda de osso esponjoso. Além disso, verificou-se uma maior infiltração de células cancerígenas nos músculos adjacentes.

É importante referir que uma ingestão insuficiente de cálcio e/ou um prejuízo na absorção deste mineral é/são frequente(s) após a menopausa, resultando num aumento dos níveis de hormona paratiróide. Em roedores, níveis elevados desta hormona parecem aumentar a lisil oxidase, enzima responsável pela progressão do cancro, nomeadamente pela formação de metástases.

Assim, um aumento do turnover ósseo induzido por uma dieta pobre em cálcio parece estar associada a um aumento da carga tumoral óssea, em modelos animais. Além disso, um défice na ingestão de cálcio parece resultar num aumento da osteólise, da formação de tecido ósseo e da infiltração nos músculos adjacentes. Estas conclusões resultam num favorecimento do crescimento tumoral e, logo, da progressão do cancro da mama.

Referências: Braun S et al. A pooled analysis of bone marrow micrometastasis in breast cancer. N Engl J Med. 2005;353(8):793–802; Mundy GR. Mechanisms of bone metastasis. Cancer. 1997;80(8 Suppl):1546–56; Reid IR et al. Effect of calcium supplementation on bone loss in postmenopausal women. N Engl J Med. 1993;328(7):460–4; Rock CL. Milk and the risk and progression of cancer. Nestle Nutr Workshop Ser Pediatr Program. 2011;67:173–85. Tester AM et al. MMP-9 secretion and MMP-2 activation distinguish invasive and metastatic sublines of a mouse mammary carcinoma system showing epithelial-mesenchymal transition traits. Clin Exp Metastasis. 2000;18(7):553–60; Zheng Y et al. Accelerated bone resorption, due to dietary calcium deficiency, promotes breast cancer tumor growth in bone. Cancer Res. 2007;67(19):9542–8; Wang W et al. Effects of letrozole on breast cancer micro-metastatic tumor growth in bone and lung in mice inoculated with murine 4T1 cells. Clin Exp Metastasis. 2016;33(5):475–85; Wang P et al. Low calcium diet increases 4T1 mammary tumor carcinoma cell burden and bone pathology in mice. PLoS One. 2017; 12(7):e0180886. Fontes de imagens: http://ift.tt/2vxAGtH; http://ift.tt/2wtkIht

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