terça-feira, 30 de junho de 2020

Tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos: impacto e recomendações nutricionais

tumores neuroendocrinos

tumores neuroendocrinos

Os tumores neuroendócrinos (TNEs) são um grupo de neoplasias relativamente raras e com várias características clínicas. Os TNEs têm origem nas células do sistema neuroendócrino, podendo ter origem em qualquer parte do organismo. Entre 62 % a 82 % dos casos encontram-se localizados no sistema digestivo (gastroenteropancreáticos – GEP).

Os sintomas apresentados pelos doentes estão, frequentemente, relacionados com uma secreção elevada de hormonas e péptidos (ex: serotonina, gastrina, glucagon e insulina), podendo levar a síndromes hipersecretórios, como diabetes mellitus, hipoglicemia, síndrome carcinoide e síndrome Zollinger-Ellison.

Assim e por terem efeito na ingestão alimentar, na digestão e na absorção de nutrientes, as características da doença, os sintomas e os tratamentos podem ter um grande impacto nutricional.

Tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos: sintomas

Os sintomas resultam do efeito da massa do tumor primário ou das metástases, dos sintomas oncológicos gerais, dos efeitos da elevada secreção hormonal e dos efeitos secundários dos tratamentos. Podem persistir durante períodos prolongados, tanto antes como após o diagnóstico, tendo um grande impacto na qualidade de vida.

Os mais frequentes são a diarreia, a fadiga, o desconforto abdominal, a intolerância alimentar e o rubor da pele, especialmente do rosto e no pescoço.

A diarreia é o sintoma mais comum, podendo ter várias causas, como a malabsorção de ácidos biliares e gordura, o tratamento com análogos da serotonina, a insuficiência pancreática e a secreção elevada de serotonina.

tumores neuroendócrinosAté 30% dos doentes com TNEs GEP, especialmente do jejuno, íleo e cólon proximal, apresentam síndrome carcinóide, dada a produção tumoral de serotonina e de outras hormonas. Esta secreção hormonal elevada pode originar diarreia severa (50-80 % dos casos), rubor em 70-80 % dos casos, fadiga, intolerâncias alimentares, inquietação, flutuações de humor e dor (40% dos casos).

Tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos: estado nutricional

Cerca 25 % dos doentes com TNEs GEP estão desnutridos e até 38 % apresentam risco nutricional, estando a desnutrição em oncologia associada ao aumento da mortalidade, a prejuízo da qualidade de vida, ao aumento dos custos em saúde e ao aumento da toxicidade dos tratamentos.

Tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos: deficiências vitamínicas

No que respeita a deficiências vitamínicas, este tipo de tumores pode ter especial impacto na niacina, aumentando o risco de pelagra, nas vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e na vitamina B12.

Este impacto surge em resultado da depleção das reservas, da malabsorção relacionada com a secreção elevada de serotonina ou de alguns tratamentos.

  • Niacina

Tanto a niacina como a serotonina são produzidas a partir do aminoácido triptofano. Na presença de um TNEs GEP e competindo pelo mesmo aminoácido, a produção elevada de serotonina sobrepõem-se à produção de niacina, podendo levar ao risco potencial de deficiência nesta vitamina. Esta situação atinge 30-45 % dos casos e tende a piorar e a ser mais prevalente em doentes com doença avançada.

Assim, a avaliação dos níveis de niacina é crucial para reduzir a morbilidade e o risco de morte por pelagra, cujos sintomas são semelhantes àqueles causados pela presença de um TNE GEP. De acordo com as recomendações, a urina das 24h é o melhor método para essa avaliação.

Para corrigir situações de carência, a suplementação com niacina é eficaz, recomendando-se, pelo menos, 40-80 mg/dia para doentes com síndrome carcinóide ou produção elevada de serotonina e, pelo menos, 100 mg/dia para doentes com deficiência em niacina conhecida.

  • Vitaminas lipossolúveis

Relativamente às vitaminas lipossolúveis, a excreção intestinal pode estar aumentada, levando a carência. Este aumento da excreção, em consequência da diarreia e da esteatorreia, pode surgir como resultado dos efeitos secundários diretos dos TNEs GEP, da resseção cirúrgica e do tratamento com análogos da serotonina.

As recomendações atuais referem que as enzimas pancreáticas devem estar incluídas no plano de intervenção em doentes com esteatorreia. Em situações em que este sintoma não está presente, o possível benefício não é claro.

Em situações após resseção do intestino delgado, particularmente se forem mantidos menos de 2 metros, os níveis de vitaminas lipossolúveis devem ser avaliados duas vezes por ano. O mesmo se recomenda em doentes em tratamento com análogos da serotonina há mais de 1 ano.

Na ausência de diarreia, também é importante avaliar os níveis referidos, a fim de se verificar a necessidade de suplementação vitamínica (lipossolúvel).

Todos os doentes submetidos a suplementos de vitaminas lipossolúveis devem ser monitorizados, para que seja verificada a eficácia dessa suplementação, a qual parece ser efetiva na correção de deficiência de vitamina D, embora não haja evidência paras as restantes vitaminas lipossolúveis.

  • Vitamina B12

Os níveis de vitamina B12 também poderão estar afetados em doentes com TNEs GEP, após resseção do estômago ou do intestino delgado. Assim, será outro aspeto a avaliar e, eventualmente, a suplementar.

Tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos: recomendações alimentares e nutricionais

Contudo e embora esteja documentada a importância de intervenções individualizadas em TNEs GEP, não existem orientações de intervenção específicas para estes doentes. Assim, estudos de intervenção nutricional que sustentem a prática clínica nestes casos são fundamentais.

Em alguns doentes com síndrome carcinóide, os alimentos que contêm um elevado teor em aminas (histamina, tiramina) poderão exacerbar os sintomas.

Na ausência de sintomas, os doentes devem ser encorajados a seguir os padrões da uma alimentação saudável para a população em geral; variada, equilibrada e completa. Quando os sintomas estão presentes e têm impacto nutricional e na qualidade de vida, cabe ao nutricionista orientar na modulação dos mesmos, embora a lacuna existente relativa à intervenção específica nestes doentes.

Referências: Laing E et al. Nutritional Complications and the Management of Patients with Gastroenteropancreatic Neuroendocrine Tumors. Neuroendocrinology 2020;110:430–441; Sampaio IL et al. Tratamento de Tumores Neuroendócrinos Gastroenteropancreáticos com 177Lu-DOTA-TATE: Experiência do Instituto Português de Oncologia do Porto. Acta Med Port 2016 Nov;29(11):726-733. Fontes de imagens: https://ift.tt/2BR8giq; https://ift.tt/2Bn6ZzN

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sexta-feira, 26 de junho de 2020

Depois da quimioterapia: controlar alterações que podem permanecer

Depois da quimioterapia há alguns efeitos secundários que podem manter-se e demorar a desaparecer, um resultado da toxicidade dos medicamentos aplicados. As áreas mais frequentemente afetadas depois de terminados os tratamentos são o cérebro, o coração e o cabelo. Mas também pode haver alterações no peso e cansaço crónico, sinais que não devem ser ignorados.

Muitas pessoas têm dificuldade em concentrar-se, em lembrar nomes e datas ou esquecem-se simplesmente das coisas, ou ainda ter problemas em realizar duas tarefas em simultâneo. Estes efeitos secundários são denominados por Chemo Brain, uma espécie de “nevoeiro cerebral” e podem começar durante o tratamento ou depois da quimioterapia terminar. Há estratégias diferentes para lidar e controlar os sintomas relacionados com a memória, a atenção, entre outras capacidades cognitivas. Isto porque com o tempo, a plasticidade cerebral pode compensar os efeitos deletérios da quimioterapia.

A quimioterapia pode aumentar a probabilidade de ter problemas cardíacos. Os efeitos a longo prazo mais frequentes são a cardiomiopatia, a arritmia, o enfarte do miocárdio pela cardiotoxicidade induzida durante os tratamentos que  danificam as células do coração. Por isso devem ser efetuados testes para monitorizar o funcionamento cardíaco.

Certos medicamentos usados nos tratamentos têm efeito sobre os folículos capilares e promovem a queda acentuada de cabelo, perdendo-se parte ou mesmo todo o cabelo. Depois de um mês ou dois, o mais provável e nascerem novos cabelos, mas que podem crescer apresentando uma textura, forma ou coloração diferentes. Estar atento e cuidar do seu novo cabelo é uma ajuda.

Alguns tipos de tratamentos oncológicos, como certos medicamentos para o cancro da mama, promovem alterações metabólicas que contribuem para ganhar alguns quilos extra. Não deixe que esse ganho de peso se prolongue por mais tempo. O acompanhamento regular com um nutricionista pode ajudar a controlar o ganho de peso, juntamente com a prática de exercício físico adequado à situação oncológica.

A fadiga e a falta de energia atingem grande parte dos doentes em tratamento e são considerados efeitos de longo prazo da quimioterapia. Existem diversas estratégias para amenizar esses efeitos e que devem ser recomendadas pelo médico que conhece a situação clínica e acompanha todo o processo.

Para se sentir mais confiante, fale sempre com o seu médico e peça-lhe ajuda para contornar todos os efeitos que permanecerem depois da quimioterapia.

Referências: Wigmore, P. (2012). The effect of systemic chemotherapy on neurogenesis, plasticity and memory. In Neurogenesis and Neural Plasticity (pp. 211-240). Springer, Berlin, Heidelberg.; Nurgali, K., Jagoe, R. T., & Abalo, R. (2018). Adverse Effects of Cancer Chemotherapy: Anything New to Improve Tolerance and Reduce Sequelae?. Frontiers in Pharmacology9.; Créditos da imagem: Jan Tinnebergon Unsplash[/fonte]

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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Qual é o poder do efeito placebo?

O efeito placebo é um fenômeno inexplicável, em que medicamentos, tratamentos e terapias que, supostamente não têm qualquer efeito, e geralmente são falsos – fazem as pessoas se sentirem melhor. A palavra placebo vem do latim e significa “agradarei”.

Quais são os mecanismos do efeito placebo? Qual é o poder que os placebos têm sobre nós?

Os investigadores pensam que o efeito placebo está relacionado com as expetativas de recuperação dos doentes, desencadeando fatores psicológicos que melhoram os sintomas. Parece que os placebos conseguem alterações mensuráveis na pressão arterial, no ritmo cardíaco e na produção de endorfinas que reduzem a dor. No entanto, os efeitos positivos desvanecem com o tempo. Ainda desconhecemos como funcionam os mecanismos dos placebos, apesar de tudo o que sabemos sobre o corpo humano.

Emma Bryce ajuda-nos a mergulhar no mistério dos benefícios insólitos dos placebos com uma lição de 4 minutos. Veja o vídeo disponibilizado pelo canal TEDEd, com legendas em português.

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terça-feira, 16 de junho de 2020

Privação Sensorial Auditiva: como deve ser abordada

A privação sensorial auditiva (ausência de estímulos sonoros) provoca uma diminuição sistemática no desempenho auditivo, ao longo do tempo. Está associada a uma surdez existente e não estimulada. O cérebro perde gradualmente a capacidade de processar a informação, pois a mesma não chega ao córtex auditivo.

A privação sensorial pode conduzir a graves problemas, pelo que é importante um diagnóstico precoce, que identifique qualquer perda auditiva, visando uma intervenção adequada, recorrendo à utilização de próteses auditivas. A adaptação gradual aos aparelhos auditivos (aclimatação auditiva), permite reverter numa melhoria o desempenho auditivo, à custa do treino.

O sistema auditivo está organizado para que ao longo da cóclea sejam detetadas as diferentes frequências, desde as mais agudas na sua base, até às mais graves no seu ápex. Se alguma destas áreas estiverem lesadas, o individuo não ouvirá esses sons. Toda a informação é direcionada, através do nervo auditivo para o córtex que irá interpretar os sons.

A privação sensorial auditiva deve ser abordada na perspetiva da criança e do adulto.

As crianças passam o primeiro ano de vida a aprender sobre todos os sons que as rodeiam e aos poucos, por imitação, vão reproduzindo o que ouvem. Todas as conexões neurais estão ainda em formação e em amadurecimento, necessitando de estímulos (som) para se desenvolverem. Não podem, de maneira alguma, estarem privadas de ouvir. Assim, se é detetada surdez num recém-nascido, deve ser feita a sua habilitação através de aparelhos auditivos, o mais precocemente possível, para facilitar o desenvolvimento da fala e da linguagem. Se nada for feito até aos 2-3 anos, a linguagem ficará para sempre comprometida, sendo um processo irreversível.

No caso dos adultos, a forma mais comum de perda auditiva, a partir de certa idade, recai sobre uma perda sensorial nas altas frequências (presbiacusia), e que resulta numa redução da compreensão da fala. Como a informação recebida das frequências mais agudas nos fornece a capacidade de perceber melhor as consoantes e como as frases são constituídas por combinações de sons graves (vogais) e agudos, na prática o que se passa é que apenas se ouve parte da informação. O mais vulgar, nestas circunstâncias, é deduzir o que se perde no meio da frase, por vezes de forma errada, percebendo-se outra palavra e atribuindo um sentido diferente ao que foi dito.

Se se deixar agravar esta situação, sem estimular o ouvido, a informação sonora não passa para o cérebro, e este com o tempo, vai “esquecendo” a mensagem.  Se privarmos o ouvido de estímulos auditivos, ele vai “preguiçar”, facilitando a ocorrência de distorção sonora.

Indivíduos com privação auditiva, passam a ter mais dificuldade na compreensão da palavra. Mesmo com a reabilitação adequada, através de aparelhos auditivos, o sistema que ficou privado da estimulação terá sempre alguma distorção, necessitando de mais tempo de treino auditivo. Para maximizar a audibilidade e a compreensão, a privação sensorial deve ser evitada.

Assim, procurar ajuda aos primeiros sinais de surdez (deteção precoce) é essencial para prevenir alterações biológicas, psicológicas e sociais.

As causas mais comuns que levam à privação auditiva são:

1) Não aceitação da perda auditiva e recusa do uso de aparelhos auditivos.

2) Perda auditiva bilateral e opção pelo uso de apenas um aparelho auditivo. Muitas vezes, só tardiamente a pessoa aceita o aparelho para o outro ouvido, podendo ter muito mais dificuldade em se adaptar.

3) Adaptações desajustadas ou inadequadas de aparelhos auditivos, não sendo programados corretamente de acordo com a surdez.

Se existe perda auditiva, o uso de aparelhos auditivos é sinónimo de “exercitar” a audição e o cérebro, melhorando a capacidade de reconhecimento e perceção dos sons à medida que se utilizam. A prevenção é a melhor solução para a privação auditiva recorrendo a um processo de seleção e programação correta dos aparelhos auditivos.

Referência: Dawes PD, Munro K, Kalluri S, Edwards B: Auditory acclimatization and hearing aids: Late auditory evoked potentials and speech recognition following unilateral and bilateral amplification. The Journal of the Acoustical Society of America 135(6):3560, 2014. DOI: 10.1121/1.4874629;Créditos da imagem:https://loreamartinez.com/2016/08/11/we-feel-therefore-we-learn/

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sexta-feira, 12 de junho de 2020

Células cancerígenas e células saudáveis: como se comportam?

A divisão celular é uma complexa dança química. E num conjunto de 100 biliões de células, por vezes as coisas correm mal. As células cancerígenas têm um comportamento diferente das células saudáveis.

Como crescem as células cancerígenas? Como é que a quimioterapia combate o cancro e causa efeitos secundários negativos? As respostas estão na divisão celular. Células diferentes dividem-se a diferentes velocidades.

O vídeo seguinte apresenta uma lição original disponibilizada pelo canal TED-Ed da autoria de George Zaidan, químico orgânico do MIT e produtor executivo da American Chemical Society e que tem uma série semanal sobre química no YouTube.

George Zaidan explica como a rápida divisão celular é a “força” do cancro – e também a sua fraqueza. Veja e saiba mais.  Legendas disponíveis em português.

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terça-feira, 9 de junho de 2020

Cancro da próstata: alterações de peso após o diagnóstico

cancro da prostata

cancro da prostata

Entre os homens com cancro da próstata, a obesidade tem sido associada a um maior risco de recorrência, de desenvolvimento de metástases e de maior mortalidade pela doença. Estudos observacionais também sugerem que mesmo um aumento modesto de peso está associado a um aumento dos riscos referidos.

Em Portugal, o cancro da próstata é o tipo de cancro mais frequente no homem. Estima-se que, em 2018, a taxa de incidência tenha sido de 59,5 por 100 000 habitantes e a taxa de mortalidade de 10,6 por 100 000 habitantes.

Por outro lado, os dados nacionais acerca da obesidade mostram que, em 2015, esta condição afetava 24,9 % dos homens (25-74 anos) e que 45,4 % apresentava excesso de peso. cancro da prostata

Cancro da próstata: obesidade após o diagnóstico

A grande maioria dos trabalhos realizados acerca da influência ponderal no cancro da próstata centrou-se no peso ou nas alterações do mesmo na altura do diagnóstico ou perto disso, pelo que pouco se sabe acerca do impacto da obesidade ou do aumento ponderal após o diagnóstico da doença.

Num trabalho muito recente, Troeschel e os seus colaboradores avaliaram a associação entre a obesidade após o diagnóstico e a mortalidade por cancro da próstata. Embora o risco não tenha sido significantemente elevado, verificou-se uma associação positiva significativa entre a obesidade após o diagnóstico e a mortalidade por cancro da próstata em homens com tumores de baixo risco.

Cancro da próstata: alterações de peso após o diagnóstico

Tendo em conta as alterações de peso e não propriamente situações de obesidade, os homens que aumentaram o peso em 5% após o diagnóstico também apresentaram maior risco de morte pela doença, quando comparados com homens que o mantiveram.

Deste modo, observou-se que mesmo os homens com tumores em fases iniciais parecem ter maior esperança de vida, quando, após o diagnóstico, não apresentam um quadro de obesidade e quando mantêm um peso estável.

Cancro da próstata: influência da perda de peso

Estas conclusões conduzem a uma questão importante: se a obesidade e o aumento de peso são fatores de risco para a mortalidade por cancro da próstata, a perda de peso tem um papel protetor?

No mesmo estudo, a perda de peso parece não estar associada à mortalidade por cancro da próstata. Contudo, a ciência tem mostrado uma associação entre perdas de peso de 5% e aumento do risco de morte. Assim, a interpretação dos efeitos da perda de peso precisa ser feita com cautela, já que o facto de a perda de peso poder ser uma consequência da doença é diferente do facto de a perda de peso ser intencional, o que pode conduzir a conclusões contrárias.

Cancro da próstata: composição corporal

Além da avaliação da perda de peso é importante que a composição corporal seja considerada, nomeadamente as massas gorda e magra, as quais são importantes para a saúde. Deste modo, perante alterações de peso, a composição corporal vai conduzir a conclusões mais rigorosas que permitirão intervenções mais corretas.

Cancro da próstata: obesidade e doenças cardiovasculares

Embora neste trabalho recente, não tenha havido associação entre a alteração ponderal após o diagnóstico na mortalidade de doentes com cancro da próstata por doenças cardiovasculares, um quadro de obesidade após o diagnóstico parece estar associado a um aumento significativo do risco de mortalidade pelas mesmas. Este facto é importante, principalmente por estas serem a maior causa de morte não relacionada com o cancro, em doentes com tumores malignos da próstata.

Assim, a obesidade e aumento de peso parece ter um impacto negativo em homens com cancro da próstata, mesmo em fases iniciais, sendo, por isso, fundamental a intervenção neste campo.

Referências: Global Cancer Observatory [disponível em https://gco.iarc.fr/] [acedido em 31/5/2020]; Gaio V et al. Prevalência de excesso de peso e de obesidade em Portugal: resultados do primeiro Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF 2015). Boletim Epidemiológico Observações. 2018; 22, 29–33; Cao Y & Ma J. Body mass index, prostate cancer-specificmortality, and biochemical recurrence: A systematic review andmeta-analysis. Cancer Prev Res. 2011; 4:486-501; Joshu CE et al. Weight gain is associated with an increased risk of prostate cancer recurrence after prostatectomy in the PSA era. Cancer Prev Res. 2011; 4:544-551; Whitley BM et al. Preoperative weight change and risk of adverse outcome following radical prostatectomy: Results from the Shared Equal Access Regional Cancer Hospital database. Prostate Cancer Prostatic Dis. 2011; 14:361-366; Chen Q et al. Adult weight gain and risk of prostate cancer: A dose-response meta-analysis of observational studies. Int J Cancer. 2016; 138:866-874; Bonn SE et al. Bodymass index and weight change inmen with prostate cancer: Progression and mortality. Cancer Causes Control. 2014; 25: 933-943; Troeschel NA et al. Postdiagnosis body mass index, weight change, andmortality from prostate cancer, cardiovascular disease, and all causes among survivors of nonmetastatic prostate cancer. J Clin Oncol doi:10.1200/JCO.19.02185; Lee DH et al. Predicted lean body mass, fat mass, and all cause and cause specific mortality in men: Prospective US cohort study. BMJ 362: k2575, 2018; Srikanthan P et al. Relation of muscle mass and fat mass to cardiovascular disease mortality. Am J Cardiol. 2016; 117:1355-1360; Abramowitz MK et al. Muscle mass, BMI, and mortality among adults in the United States: A population-based cohort study. PLoS One. 2018; 13: e0194697 (Erratum: PLoS One 13:e0198318, 2018). Fontes de imagens: https://ift.tt/2Ye988w; https://ift.tt/2MJ2npW

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sábado, 6 de junho de 2020

Pandemia Covid-19 na perspetiva de uma aluna de yoga

A Ana é aluna da Vidya-Academia de Yoga do Porto desde 2008. Senhora de uma coluna dorsal com uma cifose muito acentuada (que hoje já não existe), sempre se mostrou uma aluna atenta e dedicada. Percebeu de forma quase intuitiva e inteligente, os benefícios que a prática de yoga poderiam alicerçar não só a nível físico, mas também a nível da consciência de si e do mundo. O seu sorriso e energia de bem-estar na vida é completamente contagiante e revitalizante para com quem, diariamente, priva com ela.

A cereja no topo do bolo da sua forma de estar é fazer tudo com o coração e um amor profundo, o que torna tudo o que faz em símbolos de amor e dedicação ao próximo.

Um dia destes mostrou-me um texto, para ajudar (mais uma vez) uma pessoa de família, num estudo sobre a pandemia Covid-19. Pedi-lhe que o partilhasse, para ser publicado aqui no site Stop Cancer Portugal e por considerar que o seu testemunho é um resumo de tudo aquilo que, de uma forma ou de outra, todos sentem ao longo destes estados de emergência e de calamidade em que temos vivido.

Tudo começou no Whats App da família: a geração dos 30 anos pedia à geração dos 70 anos para deixarmos expresso o quanto a pandemia Covid-19 nos tinha afetado. O objetivo era ajudar num trabalho.
Pareceu-me irrecusável…Faria sentido uma resposta concisa, e tão forte quanto a transformação da vida de todos nós? Como cores numa pintura, os meus pensamentos iam-se cruzando, e ficando cada vez mais claros: cada um de nós tem um perfil e um enquadramento…tinha que começar por aí.
– O meu perfil: 71 anos, avó derretida, intensa vida familiar.
– As minhas coordenadas: família, amigos, mundo do pensamento e da arte, artes decorativas, partilha humana, natureza, jardinagem, yoga.
– A pandemia Covid-19: Um tsunami físico e emocional a nível global, senti tudo a ser questionado.
– Quanto me afetou: Tive profunda consciência da rutura física da vida familiar. Consciência da solidão de muitos. Consciência que a doença tem os seus rituais que unem o doente ao seu mundo humano, na pandemia era tão diferente! Recordei-me então dum livro, riquíssimo de reflexões, do historiador Jean Delumeau – La peur en Occident -XIV -XVIII siècles, que me fez compreender que na pandemia tal como nas pestes, tudo se inverte e fica o isolamento.

Há uma rutura profunda dos rituais de alegria e de tristeza.
Confesso que para mim os contornos em relação ao essencial da Vida, se tornaram ainda mais nítidos.
– Qual é o meu registo atual? Focada, ativa, organizada, aproveitando o fantástico dos media, atenta aos outros, pesquisando novas soluções, criatividade como inspiração e rotina cheia de esperança. Sobretudo gerindo a nova realidade com serenidade. Era profundamente claro para mim que muita dessa serenidade física e mental, devo-a ao Yoga que pratico há alguns anos.

Créditos da imagem Anukrati Omar on Unsplash

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quarta-feira, 3 de junho de 2020

Cancro Cabeça e Pescoço: como prevenir

O cancro da cabeça e do pescoço inclui tumores localizados nos lábios, boca, laringe, faringe, glândulas salivares e seios paranasais. São cancros mais frequentes em países com baixo desenvolvimento e rendimento e são responsáveis por cerca de 4% do total de mortes por cancro no Mundo. Em Portugal, registaram-se em 2018 cerca de 2700 novos casos.

O diagnóstico precoce é fundamental para um bom prognóstico, no entanto estes cancros são habitualmente diagnosticados em estádios avançados, o que faz com que a sobrevivência ronde os 60% aos 5 anos. Dada a sua localização e os tratamentos associados, muitos dos sobreviventes são confrontados com alterações significativas na sua imagem física, assim como na forma de se alimentar, respirar e falar, requerendo frequentemente acompanhamento especializado.

As estruturas afetadas pelos cancros da cabeça e pescoço estão diretamente expostas tanto a carcinogéneos inalados como aos ingeridos através da alimentação.

Cancro da Cabeça e Pescoço: fatores de risco

  1. Os hábitos tabágicos são um fator de risco bem estabelecido, tanto para o uso isolado de tabaco como para a sua conjugação com a ingestão de alcool.
  2. O Papiloma Vírus Humano (HPV) é um fator de risco para o cancro da cavidade oral e laringe. A vacinação quando disponível, parece contribuir para a redução do impacto deste fator no surgimento da doença.
  3. A exposição a amianto parece também aumentar o risco de desenvolver este tipo de cancro.
  4. Mate é uma infusão preparada com folhas de Ilex paraguariensis e tradicionalmente ingerida a temperaturas superiores a 70ºC. A sua ingestão também está associada ao aumento de risco de cancro do esófago, sobretudo pela temperatura à qual é ingerida, causando dano nas mucosas, contribuindo para ao surgimento da doença.
  5. Bebidas alcoólica: o risco aumenta com o aumento da ingestão de bebidas alcoólicas, não tendo sido identificada diferença significativa entre tipos de bebidas alcoólicas.
  6. Índice de massa corporal correspondente a obesidade.

Cancro da Cabeça e Pescoço: redução do risco

Para estes fatores a evidência científica disponível apresenta algumas limitações.

  1. Café: o seu consumo parece reduzir o risco de alguns tipos de cancro da cabeça e pescoço.
  2. Dieta saudável: caracterizada por elevada ingestão de frutas e vegetais e baixa ingestão de bebidas alcoólicas, carne vermelha e carne processada.
  3. Terminamos com as recomendações para prevenção do cancro do American Institute for Cancer Research:
  4. Reduza a ingestão semanal de carne vermelha para 350 – 500g (peso após confeção) e apenas ingira carnes processadas esporadicamente.
  5. Mantenha um peso adequado para a sua idade e estatura, limitando a ingestão de bebidas açucaradas e de alimentos ricos em açúcares de absorção rápida.
  6. Limite a ingestão de bebidas alcoólicas.
  7. Pratique um mínimo de 75 minutos de atividade física intensa ou 150 minutos de atividade física moderada por semana.
  8. Aumente a ingestão de alimentos ricos em fibra como cereais integrais, oleaginosas, leguminosas e ingira um mínimo diário de 5 porções de vegetais e fruta (equivalentes a 400g).
Referências:  Global Cancer Observatory (http://gco.iarc.fr/), International Agency for Research on Cancer 2018. World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research.Continuous Update Project Expert Report 2018.Diet, nutrition and physical activity and cancers of the mouth, pharynx and larynx. Available at dietandcancerreport.org. Estêvão R, Santos T, Ferreira A, Machado A, Fernandes J, Monteiro E. Epidemiological and Demographic Characteristics of Patients With Head and Neck Tumours in the Northern Portugal: Impact on Survival. Acta Med Port 2016 Oct;29(10):597-604.Crédito da imagem: winchester.ac.uk

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