segunda-feira, 27 de julho de 2020

Zumbido: agravamento em tempos de pandemia

Em fase de pandemia, o número de pessoas com queixas de zumbido aumentou. As que já o sentiam antes, referem a agudização do mesmo e as que o tinham esporadicamente, viram o zumbido tornar-se mais frequente.

Segundo Jastreboff, zumbido não é uma doença, mas sim um sintoma e define-se como a perceção de um som, na ausência de estímulo externo.

Existem vários fatores associados ao aparecimento do zumbido, como sejam a idade avançada, alguns medicamentos, exposição frequente a ruído, otosclerose, presbiacusia, surdez súbita, doença de Ménière, schwannoma do acústico ou ainda doenças cardiovasculares, entre outras.

Há mais de trinta anos, as abordagens relacionadas com o zumbido focavam-se no sistema auditivo periférico, principalmente na cóclea. Entretanto, foi-se percebendo que o zumbido estava associado a queixas de ansiedade, depressão, stress, problemas relacionados com o sono, que por sua vez remetem para uma maior dificuldade para exercer as atividades diárias, dificuldade de concentração e foco.

Esta observação criou a base para o modelo neurofisiológico do zumbido, de Jastreboff, que explica com clareza, como outros sistemas cerebrais fora do sistema auditivo se relacionam. Através do sistema nervoso autónomo, o sistema límbico, (responsável por comportamentos emocionais, sexuais e sociais, aprendizagem e memória) interfere positiva ou negativamente no funcionamento de todo o organismo. A sua principal função é a integração das informações sensitivo-sensoriais com o estado psíquico, sendo atribuído um conteúdo afetivo a esses estímulos, originando uma resposta emocional.

Segundo Jastreboff, existem dois circuitos (loops) na rede das interconexões dos principais sistemas envolvidos no processamento do zumbido: um circuito superior (high loop) que envolve o processamento cognitivo (particularmente significativo durante o período inicial do zumbido) e um circuito inferior (low loop) que envolve o processamento subconsciente (dominante no zumbido crónico).

Com base neste modelo neurofisiológico, Jastreboff propõe um tratamento, TRT (Tinnitus Retraining Therapy) que visa contrariar as reações negativas associadas ao zumbido, promovendo a sua habituação, através de reajustes entre as conexões do sistema auditivo com os outros sistemas cerebrais. A plasticidade cerebral é crucial para este treino e para que a habituação ocorra. O TRT contem duas componentes que devem ser implementadas simultaneamente: aconselhamento de treino e terapia sonora. A primeira componente (que influencia diretamente o “high loop”) inclui várias sessões de acompanhamento, no sentido de desmistificar o zumbido, neutralizando, assim, as associações negativas e as concessões erradas. Estas sessões vão ajudar as pessoas a “não o valorizar”, pois o zumbido “adora estados emocionais frágeis”.  É, ainda, necessário recolher a história clínica, realizar a avaliação audiológica, usar questionários para uma categorização dos pacientes, (5 categorias), de acordo com a severidade sentida pelo zumbido, existência de hipoacusia, hiperacusia e exposição prolongada a ruído, que irá ajudar a definir os diferentes tratamentos.

Relativamente à segunda componente – terapia sonora (com maior impacto no “low loop”), quando não existe perda auditiva associada, é necessário recorrer a geradores de sons, com o objetivo de minimizar o zumbido, evitando o silêncio e promovendo o enriquecimento sonoro. Estes sons devem ser agradáveis para o paciente, não provocando desconforto nem causando uma excitação negativa do sistema límbico. Se o zumbido é acompanhado de surdez, a adaptação de prótese auditiva bilateral, só por si, será suficiente para eliminar o zumbido ou pelo menos para o atenuar. Existem, hoje em dia, próteses combinadas que reúnem as duas funções.

Dada esta forte ligação do zumbido ao estado emocional, percebe-se que durante esta fase conturbada de pandemia, haja mais queixas de zumbido, sendo, por isso, necessário dar às pessoas afetadas, informação e estratégias, para que possam ser ajudadas.

Referência:Jastreboff, PJ. Thirty years of the neurophysiological model of tinnitus and Tinnitus Retraining Therapy (TRT). Canadian Audiologist, Vol. 6, Issue 4, 2019; Créditos de imagem: Fotolia – ©Axel Kock

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quinta-feira, 23 de julho de 2020

Águas aromatizadas de fruta fresca: refrescar, nutrir e saborear

Pêssego, ameixa, melancia e melão, mirtilos ou ananás são algumas das opções de fruta própria do verão. Para os dias mais quentes, quando o calor aperta mesmo, pensamos muito mais vezes em beber uma bebida bem refrescante do que em comer uma peça de fruta. Mas podemos ter as duas numa só: água misturada com fruta pode ser a melhor estratégia para aliar hidratação, nutrição, sabor e saúde.

As águas aromatizadas de fruta fresca são bebidas tradicionais da América Central, popularmente conhecidas por águas frescas. Além de fruta, os mexicanos fazem-nas adicionando também cereais, flores ou sementes. Na verdade, é uma maneira deliciosa de dar um toque de sabor à água, desencorajando o consumo de bebidas sobrelotadas de açúcares ou de adoçantes. Qualquer que seja a fruta eleita para a sua água aromatizada, uma bebida destas, oferece mais vitaminas, minerais e fibras, nutrientes altamente necessários para o funcionamento correto do corpo humano e faz bem a todos, sobretudo aos mais frágeis ao calor – as crianças e os seniores.

Águas aromatizadas de fruta fresca: fazer agora para dois

Neste momento a minha fruteira tem ananás e mirtilos que vou usar como exemplos para dar as indicações necessárias. Misturo uma chávena de mirtilos e outra de ananás para duas chávenas de água e coloco tudo no liquidificador. Adiciono sumo de lima, limão ou laranja e alguns cubos de gelo. Apanho algumas folhas de hortelã da minha horta caseira para dar ainda mais sabor. Adiciono um pouco de mel (uso 1 colher de chá mas nem sempre é preciso) ou então faça como os mexicanos optando pelo xarope de agave. De acordo com a fruta escolhida, nem sempre há necessidade de o adicionar.

Experimente com diferentes frutos. Há algumas águas aromatizadas que são melhor aceites que outras.

Um copo grande desta água aromatizada, com esta fruta, o ananás e os mirtilos, corresponde a duas porções de fruta e atinge aproximadamente estes valores nutricionais: 79 calorias, 14 g de açúcares de fontes naturais, 3 g de fibras alimentares distribuídas por fibras solúveis e insolúveis, e uma concentração de diferentes substâncias fitoquímicas do grupo dos polifenóis. Estas substâncias têm efeitos benéficos, sobretudo na prevenção das doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro.

Veja a fruta que tem, escolha e faça águas aromatizadas de fruta fresca para refrescar, nutrir e saborear.

Fonte de informação: https://fdc.nal.usda.gov/

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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Microbiota intestinal na gestação e impacto na saúde futura

A microbiota intestinal humana é constituída por um conjunto de microrganismos que colonizam o intestino e vivem em simbiose com o seu hospedeiro, contribuindo significativamente para a sua saúde metabólica e imunitária e influenciando processos de saúde e de doença.

O aumento do conhecimento nesta área permitiu confirmar que a redução dos microorganismos considerados benéficos, o sobre-crescimento dos microrganismos não benéficos e a perca da diversidade microbiana, favorecem alterações no ambiente intestinal, propicias ao surgimento de doença.

Durante a gravidez verificam-se alterações hormonais, fisiológicas e imunes que promovem o crescimento do feto e a microbiota intestinal tem um papel central na regulação destas alterações. Alguns estudos identificaram alterações da microbiota intestinal da gestante, sendo as mais significativas entre o fim do primeiro e o terceiro trimestres de gestação, com aumento na abundância de Actinobacteria e Proteobacteria e redução no número de bactérias produtoras de butirato, assim como na diversidade de bactérias. Por sua vez as funções imunes e metabólicas do feto dependem da gestante e estas funções parecem ser sensíveis à dieta e ao estado nutricional.

Nesta fase, são diversos os fatores maternos que podem influenciar a microbiota intestinal, tais como stress pré-natal, uso de antibióticos, excesso de peso, entre outros. Sabe-se hoje que a obesidade, assim como o ganho de peso excessivo durante a gravidez, se caracteriza por menor presença de Bifidobacterium spp, Bacteroides app e maior abundância de Staphylococcus app e Escherichia coli e está associada a macrossomia (excesso de peso ao nascer), prematuridade e baixo peso ao nascer.

Algumas linhas de pesquisa têm explorado a existência de microbioma específico da placenta, do liquido amniótico, assim como de outras estruturas presentes durante a gravidez, sem no entanto terem chegado a resultados conclusivos.

Durante o parto, a transmissão da microbiota da mãe para o filho faz-se através da passagem pelo canal vaginal, promovendo-se neste momento o contacto com microorganismos da vagina e do intestino da mãe. De facto, a microflora intestinal das crianças parece assemelhar-se ao perfil apresentado pela mãe no primeiro trimestre, apesar das alterações que se ocorrem durante a gravidez, reforçando o impacto que a microbiota intestinal da mãe tem na definição da microbiota do seu filho.

Apesar de ser uma área de pesquisa ainda em desenvolvimento, a microbiota intestinal da gestante parece influenciar a saúde do seu filho, com consequências para a sua saúde futura. É assim fundamental assegurar que durante a gravidez a alimentação é adequada e equilibrada e que fatores como o sono, o stress e a atividade física também são tidos em conta neste contexto.

Referências: Jašarević E, Bale TL. Prenatal and postnatal contributions of the maternal microbiome on offspring programming. Front Neuroendocrinol. 2019;55:100797. Zhang Y, Zhang B, Dong L, Chang P. Potential of Omega-3 Polyunsaturated Fatty Acids in Managing Chemotherapy- or Radiotherapy-Related Intestinal Microbial Dysbiosis. Adv Nutr. 2019;10(1):133-147. Lv Y , Yan Z , Zhao X , et al. The effects of gut microbiota on metabolic outcomes in pregnant women and their offspring. Food Funct. 2018;9(9):4537-4547. Kerr CA, Grice DM, Tran CD, et al. Early life events influence whole-of-life metabolic health via gut microflora and gut permeability. Crit Rev Microbiol. 2015;41(3):326-340. Selma-Royo M., Tarrazó M., García-Mantrana I., Gómez-Gallego C., Salminen S., Collado M.C. (2019) Shaping Microbiota During the First 1000 Days of Life. In: Guandalini S., Indrio F. (eds) Probiotics and Child Gastrointestinal Health. Advances in Experimental Medicine and Biology, vol 1125. Springer, Cham. Crédito da imagem: drafernandaproctologista.com.br

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quarta-feira, 15 de julho de 2020

O yoga na hipertensão

A agitação do dia-a-dia, estabelece muitas vezes um desequilíbrio, entre a capacidade individual e a exigência colocada na resposta às solicitações. Muita desta exigência ou é feita por elementos externos à pessoa ou é fruto da pressão de agir sempre de forma correta e otimizada.

O nível de ansiedade pode levar a picos, mais ou menos, intensos de tensão física e mental que, de uma forma geral acarreta dor física e a vários estados emocionais (angústia, ansiedade, etc.), situações das quais pode surgir um quadro de hipertensão.

O stress é importante na vida de todos, sem ele muitas das situações que vivemos não dariam prazer. É fundamental encontrar o equilíbrio entre a necessidade e a capacidade de agir. Para encontrar esse equilíbrio deve procurar-se atuar com equanimidade, seguindo uma linha de pensamento positivo e procurando uma forma de agir que esteja de acordo com as caraterísticas emocionais de cada um.

Um dos piores inimigos desta atitude perante a vida é o constante julgamento sobre cada uma das atitudes que se tem. O yoga considera que, uma das ferramentas mais importantes para gerir o stress e os quadros de hipertensão associados, é a consciência de si. Só quando se percebe porque se age, se sente e se faz, se consegue alcançar o equilíbrio entre aquilo que se é e a forma de atuar. Só desta forma se obtém a equanimidade, ou seja, um estado de quietude e tranquilidade em todas as situações.

Outro dos fatores importantes para gerir o stress e os quadros de hipertensão associados, é propiciar movimento físico: caminhar, correr, praticar yoga, ou qualquer outra atividade que se enquadre na maneira de ser de cada indivíduo, só ou acompanhado, para que a mente se concentre no prazer do momento, alheando-se das preocupações, da resistência emocional a um acontecimento, ou à necessidade de corresponder ao espectável.

As várias técnicas de yoga: o relaxamento, as técnicas de respiração, a prática de posturas e a meditação, aliadas à sua prática regular pode contribuir para a redução dos níveis de stress. A atenção mental que se coloca na prática de cada uma das técnicas que constitui uma aula de yoga, permite o alheamento dos problemas do dia-a-dia. O relaxamento, as técnicas de respiração e a meditação, são a base para uma mente calma e equânime, que é a porta principal para a consciência de si. A respiração contribui de forma inequívoca para relaxar mente e corpo. É fundamental para o equilíbrio pessoal, conhecer-se a si mesmo, física, emocionalmente e psicologicamente. Só assim poderá entender e agir de acordo com a sua perspetiva do mundo, contribuindo para um mundo mais profícuo.

Quando sentir um pico de stress, procure um local tranquilo e sente-se. Respire de forma calma e profunda. Hoje em dia até os relógios smart watch incorporaram uma funcionalidade de respirar profundamente, quando os níveis de aceleração cardíaca se tornam elevados. Este estado de tranquilidade da mente contribui para aliviar as tensões físicas, mentais e emocionais, contribuindo para o equilíbrio físico e mental. Este estado de equilíbrio permite que o stress, angústia, ansiedade e quadros de hipertensão associados a estados emocionais tendam a desaparecer. Consulte sempre o seu médico. Como professora de yoga, ao longo dos anos, constatei a importância da prática de yoga na regulação do stress e estados de hipertensão associados. Alguns destes alunos, surgem por  recomendação de cardiologistas.

A prática de yoga oferece uma resposta eficaz no controlo da mente, em criar opções de linhas de pensamento que permitem encontrar o caminho da serenidade, da confiança pessoal e da autodisciplina. Para chegar lá, procure um professor de yoga devidamente certificado.

 

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sexta-feira, 10 de julho de 2020

Como podemos salvar as tradições culinárias e a nossa identidade?

O que comiam os nossos bisavós? Quantos alimentos fizeram parte da mesa da nossa família e das tradições culinárias que estão a ficar esquecidas ou simplesmente são desconhecidas?

Por todo o mundo há milhares e diferentes comunidades e, com elas, há histórias de alimentos que estão a ser esquecidas. As raízes e as tradições culinárias que foram a base da alimentação dos povos de todo o mundo estão a desaparecer rapidamente, por causa da agricultura industrializada e do conceito ocidental de dieta ideal.

Aparna Pallavi é jornalista e a sua pesquisa está ligada ao conhecimento dos alimentos que tradicionalmente fazem parte da cultura da Índia e dos seus povos indígenas. Na sua palestra para o canal TED explora as razões pelas quais as tradições culinárias dos nossos antepassados estarem a desaparecer da vida e das memórias das pessoas.

Aparna Pallavi toma o exemplo do seu país, para alertar para o desaparecimento abrupto de alimentos que sempre fizeram parte da dieta desse povo para revitalizar a nossa conexão com alimentos essenciais: “a Índia moderna está presa ao arroz, ao trigo e à diabetes. Esquecemos totalmente alguns alimentos, como uma enorme variedade de tubérculos, a seiva de árvores, peixe, mariscos, óleo de sementes, moluscos, cogumelos, insetos, carne de pequenos animais, tudo o que estava disponível à nossa volta.”

Como podemos salvar a comida e as tradições culinárias dos nossos antepassados?
Além da política económica desfavorável e das razões ecológicas, Aparna Pallavi defende que a vergonha é um fenómeno humano que contribui substancialmente para que o moderno cabaz de alimentos seja cada vez mais limitado. E qual é a solução? Um plano de revitalização dos costumes para ajudar a reintroduzir a comida indígena e os alimentos não cultivados, colhidos ou apanhados do chão que identificam povos e culturas. Assista agora ao vídeo disponibilizado pelo canal TED, com legendas em português.

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terça-feira, 7 de julho de 2020

Microbiota intestinal, qual a importância?

microbiota intestinal

microbiota intestinal

A microbiota intestinal humana é constituída por um conjunto de microrganismos que colonizam o intestino e vivem em simbiose com o seu hospedeiro, tais como bactérias, arqueas, vírus e fungos, estimando-se que o total de bactérias chegue a 1013 e 1014 bactérias. O microbioma é o conjunto de genes da microbiota, estimando-se que o microbioma intestinal contenha 150 vezes mais genes que o genoma humano.

Apesar de haver variabilidade inter individual relativamente aos géneros e proporção das bactérias que constituem a microbiota intestinal, algumas semelhanças são identificadas entre indivíduos. Entre de 60% a 90% é constituída pelos filos Bacteroidetes e Firmicutes, sendo os Bifidobacterium, Lactobacillus, Bacteroides, Clostridium, Escherichia, Streptococcus, e Ruminococcus os genera mais comuns em adultos.

Estas bactérias vivem em mutualismo com o seu hospedeiro, contribuindo significativamente para a sua saúde metabólica e imunitária, influenciando diversos processos metabólicos, tais como maturação do sistema imune, metabolismo de nutrientes e fármacos, processos de detoxficação, síntese de vitaminas, desenvolvimento epitelial e regulação de respostas imunes.

A microbiota intestinal é dinâmica, e quando em equilíbrio apresenta benefícios para o seu hospedeiro, tais como síntese e metabolismo de nutrientes, desenvolvimento epitelial e regulação de respostas imunes. Por outro lado, quando em desequilíbrio pode contribuir para o desenvolvimento de patologias tais como doença inflamatória intestinal, doenças metabólicas, diabetes mellitus tipo 2, aterosclerose, esteato hepatite não alcoólica, doenças auto-imunes, alergias, doenças neuropsiquiátricas, entre outras.

A microbiota varia ao longo do trato gastrointestinal. No intestino delgado, as diferenças são encontradas entre as suas frações. No duodeno há predominância de Firmicutes e Actinobacteria, no jejuno de bactérias aeróbias gram-positivas, tais como Lactobacili, Enterococci e Streptococci, na zona proximal do íleo são encontradas maioritariamente espécies aeróbias enquanto que na zona distal predominam organismos anaeróbios gram negativos semelhantes aos que se encontram no cólon. Por outro lado no cólon predominam as bactérias anaeróbias Firmicutes e Bacteroidetes. A proporção entre Firmicutes e Bacteroidetes é considerada um marcador preditivo de saúde e doença.

Microbiota intestinal: variações durante o ciclo de vida

A microbiota intestinal começa a definir-se antes do nascimento, havendo evidência cientifica sugestiva de que a sua programação se inicie durante o desenvolvimento fetal. Durante a idade adulta a microbiota intestinal mantem-se relativamente estável, apesar de suscetível a fatores ambientais e de estilo de vida, tais como, índice de massa corporal, localização geográfica, dieta, stress, idade, sexo, uso de fármacos e em particular de antibióticos, doença, entre outros.

Nos idosos a estabilidade dos microorganismo altera-se, com consequente impacto na função digestiva e neste período a variabilidade inter-individual é maior do que a que se verifica em adultos. Fatores como a redução na capacidade de mastigar os alimentos, redução da motilidade esofágica e orofaríngea, aumento da prevalência de refluxo gastroesofágico, aumento da duração do transito intestinal, com impacto na absorção dos nutrientes e aumento da prevalência de malnutrição, são fatores com impacto negativo na diversidade da microbiota intestinal.

Tendo em conta o impacto que tem na saúde e na doença, a manutenção de um bom equilíbrio da microbiota intestinal ao longo de toda a vida é fundamental.

Referências: Costantini L, Molinari R, Farinon B, Merendino N. Impact of Omega-3 Fatty Acids on the Gut Microbiota. Int J Mol Sci. 2017;18(12):2645. Published 2017 Dec 7; Noriega BS, Sanchez-Gonzalez MA, Salyakina D, Coffman J. Understanding the Impact of Omega-3 Rich Diet on the Gut Microbiota. Case Rep Med. 2016;2016:3089303; Song M, Chan AT. The Potential Role of Exercise and Nutrition in Harnessing the Immune System to Improve Colorectal Cancer Survival. Gastroenterology. 2018;155(3):596-600; Kerr CA, Grice DM, Tran CD, et al. Early life events influence whole-of-life metabolic health via gut microflora and gut permeability. Crit Rev Microbiol. 2015;41(3):326-340; Adak A, Khan MR. An insight into gut microbiota and its functionalities. Cell Mol Life Sci. 2019;76(3):473-493; Vemuri R, Gundamaraju R, Shastri MD, et al. Gut Microbial Changes, Interactions, and Their Implications on Human Lifecycle: An Ageing Perspective. Biomed Res Int. 2018;2018:4178607. Crédito da imagem:  LJNovaScotia por Pixabay

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sábado, 4 de julho de 2020

Sementes de cânhamo: inteiras, trituradas ou em óleo?

O cânhamo é uma planta vegetal da espécie Cannabis sativa L. e que apesar de ser uma variedade Cannabis contém o agente psicotrópico Δ6-tetra-hidrocanabinol (THC) em quantidades vestigiais. Por isso, é seguro consumir como alimento.

Todas as partes da planta são utilizadas: o caule rico em fibras e habitualmente usado na produção de tecido e papel, as folhas e as sementes são utilizadas na alimentação e o óleo extraído das sementes é aproveitado tanto na alimentação como na produção de produtos não alimentares, como por exemplo, óleo de secagem das tintas.

Falemos das sementes de cânhamo. Podem ser consumidas inteiras com ou sem casca, contudo as sementes com casca são mais rígidas e têm um sabor ligeiramente amargo. Assim, recomendo o consumo das sementes sem casca, por serem mais macias e com um sabor suave a noz.

As sementes de cânhamo vão acrescentar benefícios nutricionais ao seu dia. Em 100 gramas destas sementes, obtemos 33 gramas de proteínas vegetais, estando como principais a edestina e a albumina. São facilmente digeríveis e contém todos os aminoácidos essenciais, com principal destaque para o ácido glutâmico (6,3 g por 100 g) e a arginina (4,7 g por 100 gramas). O seu conteúdo em fibras alimentares é interessante: 4 gramas por 100 g de sementes, evidenciando-se as fibras insolúveis, tão importantes na estimulação da motilidade do intestino.

Nestas sementes encontram-se alguns minerais: fósforo (1650 mg), potássio (1200 mg), magnésio (700 mg) e cálcio (70 mg) em 100 g de peso edível. Acrescentemos também algumas vitaminas do complexo B: vitamina Bou niacina (9mg), vitamina Bou tiamina (1,3 mg) e vitamina Bou riboflavina (0,3 mg).

Existe diversas formas de consumir as sementes de cânhamo. Se optar por as consumir inteiras, adicione em batidos de fruta, em saladas, nas granolas artesanais e nas papas de cereais caseiras. Se as triturar obtém farinha que pode usar na confeção de pão ou bolos, com a vantagem de ser uma farinha apta para doentes celíacos, por ser isenta de glúten. O óleo extraído das sementes e rico em gorduras polinsaturadas, pode ser utilizado para temperar saladas e na confeção de molhos caseiros. Anote-as na sua próxima lista de compras.

Referências: Dunford, N.T (2015).Hemp and flaxseed oil: Properties and applications for use in food. Specialty Oils and Fats in Food and Nutrition.http://dx.doi.org/10.1016/B978-1-78242-376-8.00002-8  ;Addlesperger,E. (2015). Hemp. Journal of Agricultural & Food Information, 16:196–202, 2015.; Wang, Q. and Xiong, Y. (2019). Processing, nutrition, and functionality of hempseed protein: a review. Institute of food tecnhologists.Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety _ Vol.18,2019.; Callaway, J.C. (2004). Hempseed as a nutritional resource: An overview. Department of Pharmaceutical Chemistry, University of Kuopio. Euphytica 140: 65–72, 2004. National Nutrient Database for Standard Reference. Acedido em 28 de junho de 2020 no website do United States Department of Agriculture , Agricultural Research Service : https://fdc.nal.usda.gov/fdc-app.html#/food-details/170148/nutrients;Créditos da imagem: https://pixabay.com/images/id-3894009/

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