sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Kefir: as propriedades anticancerígenas

O kefir é um tipo de leite fermentado obtido a partir de grãos de kefir que podem ser adicionados a qualquer tipo de leite.

Os grãos de kefir são compostos por bactérias e fungos num total de 37 espécies diferentes de microrganismos que ao fermentar o leite, originam um produto probiótico.

A simbiose entre os microrganismos presentes torna o kefir diferente de todos os outros leites fermentados e com uma série de possíveis efeitos benéficos: propriedades antibacterianas e antifúngicas, benefícios para o trato digestivo, nos níveis de colesterol e na prevenção do aparecimento de alguns tipos de cancro. Além disso, há estudos a sugerir várias propriedades anticancerígenas do kefir.

Ação anticancerígena do kefir

Num artigo de revisão recente acerca deste leite fermentado e do seu papel no tratamento do cancro, os autores incluíram 11 trabalhos científicos, dos quais 7 tinham sido elaborados com células e 4 em modelos animais. Os autores verificaram que a ação anticancerígena do kefir pode estar relacionada com a presença de uma série de componentes bioativos, como alguns  ( por exemplo as esfingomielinas), os quais têm papéis significativos em diversas vias de sinalização e regulação do crescimento das células cancerígenas, da morte celular programada (a apoptose) e da transformação.

No que diz respeito aos péptidos, estes são libertados no processo de produção do kefir e parecem atuar na apoptose, através de dois processos distintos. Um deles, através da produção, no interior da célula cancerígena, de espécies reativas de oxigénio, as quais ativam a cascata das caspases e, logo, vão provocar a morte da celular. Outro processo tem por base a ativação das endonucleases dependentes de Ca/Mg (cálcio/magnésio), responsáveis pela “quebra” do ADN, durante a apoptose. A natureza destes péptidos, em termos de carga, faz com que a sua ação seja restrita às células cancerígenas, poupando as células saudáveis.

Quanto aos polissacáridos presentes nos grãos de kefir, podem exercer o seu efeito anticancerígeno através da ativação dos macrófagos, as células “assassinas” que integram o sistema imunitário inato, e de algumas populações de linfócitos T que libertam o fator de necrose tumoral provocando a morte das células do tumor.

O kefir pode induzir a morte celular ainda de outras formas: através da inibição de TGF-a, responsável pela proliferação das células cancerígenas, e através do estímulo de TGF-b, um elemento que induz a apoptose. Além disso, o kefir, através do importante papel na inibição de genes supressores da destruição celular e no estímulo de outros que funcionam como ativadores, pode promover a morte das células malignas.

As esfingomielinas presentes no kefir, por sua vez, aumentam a produção do interferão b, uma citocina com efeitos na inibição da proliferação das células tumorais.

Os resultados não são ainda suficientes para validar todos esses efeitos, tendo em conta que não foram efetuados estudos em humanos. No entanto, apesar de limitados, os dados incluem o kefir como um adjuvante promissor no tratamento do cancro.

Referências: Chen C et al. Kefir extracts supress in vitro proliferation of estrogen-dependent human breast cancer cells but not normal mammary epithelial cells. J Med Food. 2007; 10(3): 416 – 422. Furuya H et al. Sphingolipids in cancer. Cancer Metastasis Rev. 2011; 30(3-4): 567 – 576. Gao J et al. Induction of apoptosis of gastric cancer cells SGC7901 in vitro by a cell-free fraction of Tibetan kefir. Int Dairy J. 2013; 30(1): 14 – 18. Lopitz-Otsoa F et al. Kefir: a symbiotic yeasts-bacteria community with alleged healthy capabilities. Rev Iberoam Micol. 2006; 23(2): 67 – 74. Maalouf K et al. Kefir induces cell-cycle arrest and apoptosis in HTLV-1-negative malignant T-lymphocytes. Cancer Manag Res. 2011; 3: 39 – 47. Murofushi M et al. Immunopotentiative effect of polysaccharide from kefir grain, KGF-C, administered orally in mice. Immunopharmacology. 1986; 12(1): 29 – 35. Osada K et al. Enhancement of interferon-beta production with sphingomyelin from fermented milk. Biotherapy. 1993; 7(2): 115 – 123. Pepe G et al. Potential anticarcinogenic peptides from bovine milk. J Amino Acids. 2013; 2013:939804. doi: 10.1155/2013/939804. Rafie N et al. Kefir and cancer: a systematic review of literatures. Arch Iran Med. 2015 Dec;18(12):852-7. Fontes de imagens: http://ift.tt/2deVcFm; http://ift.tt/1oPuJPS

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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Um retrato do mundo: 7 biliões de pessoas representadas por 100

100 pessoas: um retrato do mundo é o projeto educativo global “100 People: A World Portrait”, idealizado para representar a população mundial como se o mundo fosse composto apenas por 100 pessoas.

A população mundial regista um número histórico. Somos 7 biliões de pessoas a partilhar o planeta.
Mas quem somos nós? É impossível conhecer todas as pessoas. Com um número tão grande, as estatísticas tornam-se pesadas sobre questões complexas como a educação, a saúde, a alimentação, a economia, entre outras áreas e recursos que partilhamos. Mas e se resumíssemos tudo isto?

Se o Mundo todo fosse 100 pessoas:

50 seriam mulheres
50 seriam homens

26 seriam crianças
Haveria 74 adultos, 8 dos quais teriam 65 anos ou mais

Haveria: 60 Asiáticos, 15 Africanos, 14 pessoas das Américas, 11 Europeus

33 Cristãos, 22 Muçulmanos, 14 Hindus, 7 Budistas
12 pessoas de outras religiões
12 pessoas sem identidade religiosa

12 falariam Chinês, 5 Espanhol, 5 Inglês
3 falariam Árabe, 3 Hindu, 3 Bengalês, 3 falariam Português
2 falariam Russo, 2 Japonês
62 falariam outras línguas

83 seriam capazes de ler e escrever
17 não

7 teriam um diploma universitário
22 possuiriam ou partilhariam um computador

77 pessoas teriam algum abastecimento alimentar e uma casa para se abrigar da chuva e do vento, mas 23 não teriam

1 estaria morrendo de fome
15 estariam subalimentados
21 teriam excesso de peso

87 teriam acesso à água potável
13 pessoas não teriam água limpa e segura para beber

Compreender melhor o mundo complexo em que vivemos, ser capaz de o imaginar de uma maneira simples, torna tudo mais fácil para encontrar soluções globais.

Uma estatística simples mostra claramente o centro das maiores questões do nosso tempo. Por exemplo, em termos globais, facilmente percebemos que 36% da população mundial não segue uma alimentação adequada e equilibrada. Portanto, em relação à nutrição mundial, o maior problema, para o qual devemos estar preparados para enfrentar é o excesso de peso e a obesidade.

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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Terapia combinada: unir para reinar!

A terapia combinada, que visa a utilização simultânea de duas ou mais terapias, tem sido largamente utilizada no tratamento de diversas patologias, das quais o cancro é um exemplo. A esta abordagem terapêutica, também denominada por politerapia, está associada a combinação de dois ou mais fármacos. Por outro lado, também à associação de duas ou mais modalidades terapêuticas, como é o caso da associação entre a radioterapia e a quimioterapia, pode ser denominada por terapia combinada.

A combinação de fármacos atinge simultaneamente múltiplos alvos celulares

Tendo em conta a ineficácia de alguns fármacos utilizados em monoterapia para o tratamento de determinados tipos de cancro, inúmeras equipas médicas e científicas têm vindo a trabalhar em diversas estratégias que visem a utilização simultânea de dois ou mais fármacos, procurando encontrar efeitos sinérgicos, aditivos ou potenciadores da sua ação.

A combinação de fármacos no tratamento do cancro parece ser um procedimento lógico. Desta forma, e tendo por base diferentes vias de atuação no corpo humano, espera-se que os fármacos possam simultaneamente atingir vários alvos celulares, combatendo assim a mesma doença através de mecanismos diferentes e potenciado o resultado terapêutico.

Quimioterapia e radioterapia em simultâneo: porquê?

A radioterapia, tal como a cirurgia, é utilizada com o objetivo de tratar tumores localizados. Por outro lado, a quimioterapia tem como alvo as células cancerígenas circulantes.

Até agora tem-se verificado que a combinação da quimioterapia com a radioterapia tem sido capaz de tratar com sucesso o cancro do reto, mostrando ser também bastante eficaz no tratamento do cancro da cabeça e do pescoço (que são ainda vulgarmente alvo de cirurgia). Por outro lado, a combinação da quimioterapia com a cirurgia tem-se revelado bastante útil no tratamento do cancro da mama, da bexiga, do cólon e do ovário.

A terapia combinada acarreta inúmeros benefícios

A utilização da terapia combinada tem revelado um enorme potencial clínico, permitindo reduzir as doses e/ou concentrações utilizadas, diminuindo consequentemente a toxicidade e os efeitos adversos induzidos no doente e potenciado a ação terapêutica. Por este motivo, o uso da terapia combinada é já comumente utilizado em vários tipos de cancro, aumentando assim a probabilidade de cura e a qualidade de vida do doente.

 

Este artigo foi escrito em colaboração com o João Encarnação, licenciado em Bioquímica e Mestre em Biotecnologia Farmacêutica pela Universidade de Coimbra. Atualmente, é aluno de Doutoramento no Departamento de Imunologia, Genética e Patologia da Universidade de Uppsala e membro da equipa da Ridgeview Instruments AB.

Referências:BRAS–GONÇALVES, R. A. et al. – Synergistic efficacy of 3n-butyrate and 5-fluorouracil in human colorectal cancer xenografts via modulation of DNA synthesis. Gastroenterology. 120, 4 (2001), 874–888.; STIBOROVÁ, M. et al. – The synergistic effects of DNA-targeted chemotherapeutics and histone deacetylase inhibitors as therapeutic strategies for cancer treatment. Current medicinal chemistry. 19, 25 (2012) 4218–38.ENCARNAÇÃO, J. – O butirato e o irinotecano: a sinergia na terapêutica do cancro do cólon. Tese de Mestrado, Universidade de Coimbra (2014).

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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O que devemos saber sobre a obesidade?

O que devemos saber sobre a obesidade? Qual é a diferença entre ter excesso de peso e ser obeso? E como é que uma pessoa se torna obesa?

Estar devidamente informado é o primeiro estímulo para a reflexão. Assim, a prevenção pode ser considerada como a perspetiva mais eficaz porque é a mais simples e a melhor, no sentido que reduz substancialmente as pesadas consequências das doenças crónicas.

A obesidade aumenta o risco das doenças metabólicas como a diabetes e a hiperlipemia, das doenças cardiovasculares que podem desencadear o acidente vascular cerebral, o enfarte do miocárdio-vascular, além da hipertensão arterial e de certos tipos de cancro.

Em cinco minutos, o vídeo educativo criado por Mia Nacamulli para a TED-Ed, fornece as informações básicas sobre o que devemos saber e começar a fazer para travar o aparecimentos de novos casos nas crianças, nos jovens e nos adultos.

Estamos nos primórdios da século XXI e em termos globais, é já o maior dos problemas de saúde. A obesidade pode ser evitável. É uma condição que resulta fundamentalmente do comportamento humano, das decisões simples que tomamos diariamente: na alimentação e no estilo de vida que levamos.

Assista ao vídeo (legendas em português disponíveis, usando os comandos no canto inferior direito).

Créditos da imagem: http://ift.tt/2966NCf

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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Aulas de yoga: antes e depois do cancro

As aulas de yoga são percepcionadas como benéficas em muitas e diferentes situações. Lourdes tem 71 anos e foi diagnosticada com cancro da mama em dezembro de 2015. Pratica yoga há pelo menos 20 anos e não deixou de o fazer depois de receber o seu diagnóstico. Relatamos o seu depoimento:

Pratico yoga há cerca de 20 anos e não deixei de o fazer até hoje. Comecei com a ajuda de uma enfermeira, emigrante em França, que trouxe a novidade de uma “ginástica especial”. Só quando comecei a praticar regularmente yoga, é que percebi que já o tinha feito. Achei que vivendo em Esposende, onde fazia muito exercício (caminhadas e bicicleta) tinha de compensar essas faltas e então, uma colega de escola onde trabalhava, sugeriu-me que experimentasse as aulas onde ela andava e fui ficando.

Em outubro de 2008 comecei a praticar yoga na Vidya-Academia de yoga sob a orientação da professora Alexandra. Quando recebi o diagnóstico da doença, pareceu-me importante falar com a Alexandra, primeiro porque senti necessidade de partilhar a “surpresa” do meu problema (sou das pessoas que acham que só acontece aos outros….) e não tinha vontade de o fazer de imediato, com pessoas que têm “muita pena” e dramatizam mais do que confortam ou levantam a autoestima. Por isso, estando a Alexandra ligada a estes problemas, achei que poderia ajudar-me a superar esta fase. Fui aconselhada sobre o que deveria fazer, daí em diante. E realmente senti-me acompanhada no decorrer da situação, antes e depois da cirurgia.

Até à data da cirurgia, continuei a fazer as aulas de yoga normalmente, sentindo mais vontade de praticar porque me ajudava muito a aceitar a situação, quer pelo apoio e convivência, quer pelo exercício e relaxamento, pois tudo isso estava a ser muito importante para mim.

Depois da cirurgia voltei as aulas logo que pude. Creio que estive ausente cerca de 2 semanas e nessa altura continuei a sentir-me acompanhada no desenrolar da minha situação, sobre as consultas e tratamentos que ia fazendo. Felizmente pude fazer radioterapia simultânea à cirurgia e, é claro, fui sendo vigiada e controlada no que deveria fazer, ou não, nas aulas de yoga, uma fez que a cirurgia tinha sido realizada há pouco tempo.

Contei também com o apoio e o carinho das colegas das aulas de yoga, que também me foram acompanhando e se interessaram pelo evoluir da minha situação. Sinto que é isto o espirito do yoga, é o apoio e a partilha, sem dramatismos.

Agora faço as minhas aulas normalmente, sem limitações e nem penso em faltar um dia, pelo contrário, faço ainda mais se puder. Tenho algumas amigas que, em situações semelhantes, acham que não podem fazer qualquer atividade física. A meu ver o yoga proporciona-me diversos benefícios. Os médicos que me operaram e me vão acompanhando, são também da opinião de que devo continuar a praticar yoga, para continuar com a minha recuperação física e emocional.

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domingo, 4 de setembro de 2016

Qual é o padrão do sono ideal? Acerte o seu relógio interno

Reencontrar o padrão do sono ideal passa, em grande medida, por acertar o relógio interno. A qualidade do sono está diretamente ligada ao estilo de vida que leva.

Identifica-se com algum destes padrões de vida? Viagens constantes seguidas de “jet lag”, negócios 24 horas por dia, trabalho por turnos? Noitadas em frente a um portátil? Ao smartphone? Fazer zapping em 167 canais de televisão?

Os hábitos modernos influenciados pelos horários urbanos, estão a descontrolar o nosso relógio biológico. Um relógio interno que evoluiu e se desenvolveu para lidar com 12 horas de luz solar e 12 horas de escuridão, determinando o ritmo natural da nossa espécie.

O sono serve vários propósitos: restauração de energia, imunocompetência, cérebro homeostase metabólica do cérebro, ontogênese neural e processamento cognitivo e emocional.

O sono é fundamental para a memória, no trabalho, na atenção, nas tomadas de decisão, e para o desempenho motor e visual.

Os desvios do padrão do sono, como a redução das horas de sono, as alterações do sono comprometem o desempenho cognitivo, diminuem a produtividade, precipitam os acidentes e têm impacto na saúde global.

Jesse Gamble explica: o nosso relógio biológico, é muito importante na nossa vida, mas luta quotidianamente contra os horários modernos de 16 horas conquistados pela luz artificial. Assista à sua primeira conferência TED sobre “O nosso ciclo natural do sono não é nada semelhante com o que fazemos ”.


Referências: Samson, D. R., & Nunn, C. L. (2015). Sleep intensity and the evolution of human cognition. Evolutionary Anthropology: Issues, News, and Reviews,24(6), 225-237.; Créditos da imagem: http://ift.tt/2bLsYNY

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