terça-feira, 31 de julho de 2018

Cancro da pele não-melanoma: a influência dos nutrientes

Numa altura do ano em que o cancro da pele é abordado com regularidade na comunicação social, muitas pessoas perguntam se a alimentação poderá também contribuir para prevenir esta doença. Além disso, os doentes com cancro da pele questionam acerca de eventuais modificações alimentares que possam contribuir para o controlo da mesma. Então, o que nos diz a ciência acerca dos nutrientes a restringir ou a suplementar, na prevenção e controlo do cancro da pele não-melanoma (CPNM)?

Cancro da pele não-melanoma e gorduras

Estudos laboratoriais sugerem que uma alimentação rica em gordura diminui o tempo entre a exposição à radiação ultravioleta (UV) e o aparecimento de cancro, aumentando, também, o número de tumores.

Em humanos, os resultados obtidos não são consensuais, havendo estudos que sugerem uma associação direta entre o consumo de gordura e o aparecimento de cancro da pele, enquanto outros sugerem uma relação inversa. Contudo, a maioria dos trabalhos realizados (um estudo controlado randomizado com 48 835 participantes, cinco estudos coorte, quatro estudos caso-controlo e uma meta-análise) não encontrou uma relação entre a ingestão da gordura e o CPNM.

Cancro da pele não-melanoma e vitamina A

Em ratos, a vitamina A e os seus derivados (β-caroteno e retinol) protegem contra o aparecimento de cancro da pele. Relativamente aos estudos em humanos, os resultados não são coerentes.

Em doentes com CPNM, foram encontrados níveis sanguíneos de β-caroteno, de vitamina A e de retinol mais baixos que em indivíduos saudáveis. Além disso, verificou-se que a ingestão de β-caroteno poderia contribuir para a prevenção destes tipos de cancro da pele e que o consumo de vitamina A poderia prevenir o carcinoma baso-celular.

Todavia, outros trabalhos concluíram precisamente o oposto, isto é, que a ingestão de vitamina A pode contribuir para o carcinoma baso-celular, além de níveis mais elevados de retinol terem sido encontrados em doentes, em comparação com indivíduos saudáveis.

A acrescentar a esta inconsistência de resultados, 14 estudos não encontraram qualquer associação, num sentido ou noutro, entre a ingestão de derivados da vitamina A e o CPNM.

Múltiplos trabalhos de intervenção avaliaram o efeito do β-caroteno, do retinol e da isotretinoína na incidência de CPNM. Quanto ao β-caroteno, estudos controlados randomizados sugerem não haver uma influência deste nutriente na prevenção ou aparecimento destes tipos de cancro da pele. Em relação ao retinol e retinoides sintéticos, as conclusões são mais variadas mas sugerem que o impacto do retinol e dos retinoides sintéticos nos carcinomas baso-celular e das células escamosas pode ser influenciado por fatores de risco e comorbilidades individuais.

cancro da pele e nutrientes,Cancro da pele não-melanoma e vitamina C

Estudos laboratoriais mostram que a vitamina C inibe a toxicidade dos raios UVB, além de inibir o desenvolvimento dos carcinomas baso-celular e das células escamosas.

Por outro lado, em humanos, as conclusões divergem. Alguns estudos sugerem que o consumo de alimentos ricos em vitamina C, suplementos desta vitamina e níveis plasmáticos de ácido ascórbico elevados previnem o CPNM. Todavia, existem outros trabalhos em que se encontrou uma associação positiva entre o carcinoma baso-celular e a ingestão de alimentos ricos em vitamina C ou de suplementos. Adicionalmente a esta divergência, outros investigadores não identificaram qualquer associação entre a vitamina em questão e o CPNM.

Cancro da pele não-melanoma e vitamina D

A vitamina D é obtida através dos alimentos e através da síntese de calcitriol, através dos raios UV. Estudos laboratoriais têm mostrado que esta vitamina tem um papel protetor contra o aparecimento de CPNM.

Tal como em relação às vitaminas já abordadas, os estudos em humanos não são consistentes. Um estudo caso-controlo encontrou uma relação inversa entre o nível de vitamina D e o risco do cancro em questão. Todavia, a exposição solar pode confundir estes resultados, pois a radiação UV aumenta simultaneamente os níveis de vitamina D e promove as alterações no ADN que são o ponto de partida para o desenvolvimento de cancro da pele. Por outro lado, três estudos não encontraram qualquer associação entre o consumo de vitamina D e o risco de carcinoma baso-celular.

Cancro da pele não-melanoma e vitamina E

Em ratos, a aplicação tópica de α-tocoferol inibe os danos da radiação UV no ADN e a formação de cancro. Mais uma vez, em humanos, os dados não são consensuais, levando a que não seja recomendada para a prevenção e controlo de CPNM. Os trabalhos realizados até hoje tanto sugerem um efeito protetor da vitamina E (alimentos e suplementos), como sugerem um efeito potenciador ou até nenhuma associação, inclusivamente na resposta à radiação UV, após 6 meses de suplementação oral diária com α-tocoferol.

Cancro da pele não-melanoma e selénio

Estudos laboratoriais sugerem que o selénio protege contra a formação de cancro. Em humanos, estudos de caso-controlo e de coorte também têm encontrado um papel potencialmente protetor contra o CPNM, já que o selénio parece proteger contra a toxicidade induzida pela radiação UV. O único estudo controlado randomizado que investigou o impacto da suplementação oral com selénio no CPNM não encontrou uma associação significativa com o risco de carcinoma baso-celular. Todavia, aumentou o risco de carcinoma das células escamosas e do CPNM, de um modo geral. Outros estudos não encontraram nenhuma associação entre o consumo de selénio ou a sua concentração plasmática e a doença oncológica em causa.

Cancro da pele não-melanoma e fatores nutricionais

Apesar dos estudos laboratoriais sugerirem uma ligação entre fatores dietéticos e o CPNM, estudos em humanos têm sido inconclusivos ou não consensuais. Em conclusão e à luz da ciência atual, uma alimentação restrita em gordura não deverá ser recomendada para a prevenção do CPNM. Quanto à suplementação com selénio, esta pode aumentar o risco de carcinoma das células escamosas e de CPNM de um modo geral, pelo que deverá ser evitada. Por último, o efeito da suplementação com retinol ou retinóides no desenvolvimento desta doença é variável, em função de fatores de risco e comorbilidades individuais, bem como do tipo de cancro.

Referências: Bronsnick T et al.. Diet in dermatology: Part I. Atopic dermatitis, acne and nonmelanoma skin cancer. J Am Acad Dermatol. 2014: 71(6): 1039.e1-1039.e12. Fontes de imagens: https://ift.tt/2Owbxpm; https://ift.tt/2ArNgO9

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sábado, 28 de julho de 2018

Om – o mantra fundamental para quem medita e pratica yoga

Para um praticante de yoga não existe um símbolo mais poderoso que a sílaba Om. Este monossílabo pertence há tradição da filosofia e da história do yoga e faz parte integrante do Hinduísmo. Também é a origem de todos os mantras. Todos os mantras começam e terminam com Om.

Om representa todo o mundo passado, presente e futuro. Om simboliza tudo aquilo que existe no mundo terreno e no mundo espiritual. Personifica o primeiro pensamento e o primeiro som através dos quais se criou todo o universo. Deve pronunciar-se AUM, prolongando a consoante M.

Segundo Maitrí Upanishad, um conjunto de textos sagrados, Om, significa os três estados de consciência: vigília, sono e sonho. É o mantra eterno, “os seus três sons, a, u e m, são os três primeiros estados de consciência, e estes três estados são os três sons”.

Para Mandukya Upanishad, outro conjunto de textos sagrados,“Om, esta palavra eterna é tudo, o que foi, o que é e o que será”.

A letra A representa Deus Shiva. Shiva é na religião Hindu, o princípio destruidor do Universo. É o terceiro elemento da trindade hindu. Simboliza a energia masculina. Corresponde ao estado de vigília.

A letra U representa Deus Vishnu. É o segundo elemento da trindade hindu. É o princípio conservador, o Deus que protege e conserva o Universo. É o estado de sonho.

A letra M, representa Brahma. O Deus criador do Universo. É o primeiro elemento da trindade Hindu. É o estado de sono profundo.

AUM representa o som primogénito, que dá início a todos os livros sagrados, mantras e orações.

A repetição do mantra Om, exerce uma influência enorme sobre a mente. Ao pronunciar esta palavra e tapando os ouvidos, consegue-se perceber a vibração a nível físico que provoca. Para o praticante, esta vibração reflete-se em todos as células do corpo, criando um estado de transcendência, de acordo com a prática de meditação que haja.

A imagem acima publicada representa o mantra Om. Este é o seu significado:

  • O ponto significa, gota ou ponto (Bindu). Representa a semente que dá origem ao todo e que no todo se dissolve.
  • A curva debaixo do ponto simboliza a Lua em quarto crescente. Esta lua brilha nos nossos pensamentos. É a rainha das formas de pensamento.
  • A linha em forma de S representa a tromba de Ganesha, o estado de ilusão.
  • A parte inferior do símbolo OM, a curva mais alargada, corresponde ao estado de vigília, ao despertar. Corresponde à consciência humana.
  • A parte superior do símbolo corresponde a uma comunhão com o Eu Superior, um estado de concentração (Dhyana) profunda.
Fonte de informação: “Meditacion y Mantras”, Suami Vishnu Devananda, Alianza Editorial 1980. “Diccionario de Hinduismo”, Enrique Gallud Jardiel, Alderabán Ediciones, 1999; créditos da imagem: https://ift.tt/2LX3WOX

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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Carnes processadas e o risco de cancro: limite-as ou evite-as

Limitar a quantidade de carne e evitar as carnes processadas é uma das recomendações alimentares mais importantes para reduzir o risco de cancro.

Carnes processadas são carnes fumadas, salgadas ou curadas em que há adição de conservantes. Os compostos usados ​​como conservantes podem ser agentes cancerigenos. São exemplos o fiambre de peru, o fiambre de frango ou porco, mortadela, bacon, presunto e salsichas e outros processados de ​​carnes gordas.
O consumo frequente deste tipo de carnes aumenta o risco de cancro do estômago e colorretal. Restrinja este tipo de carnes para ocasiões especiais.

Quando se confeccionam carnes vermelhas a altas temperaturas, como fritar ou grelhar no carvão, formam-se substâncias químicas (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos) que, atualmente, são consideradas cancerígenas. Estes  químicos têm capacidade de danificar o revestimento do intestino, criando condições para promover a proliferação de células cancerígenas.

Também os estudos epidemiológicos sugerem que comer mais de 500 gramas de carnes vermelhas por semana, como as carnes de porco, de vaca, cabrito ou borrego, aumenta o risco de cancro colorretal.

Não é obrigatório eliminá-las da alimentação, mas comece por comer porções menores e ter dias sem carne. A carne é uma excelente fonte de nutrientes, em particular proteína, ferro, zinco e vitamina B12.
Procure diminuir o consumo semanal de carnes vermelhas, sem exceder os 300 gramas (já cozinhada) e acrescente ao prato mais legumes e leguminosas.

Referências: Cross AJ, Ferrucci LM, Risch A, Graubard BI, Ward MH, Park Y, Hollenbeck AR, Schatzkin A, Sinha R. A large prospective study of meat consumption and colorectal cancer risk: an investigation of potential mechanisms underlying this  association. Cancer Res. 2010 Mar 15;70(6):2406-14.; World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research. Food, Nutrition, Physical Activity, and the Prevention of Cancer: a Global Perspective. Washington DC: AICR; 2007.

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terça-feira, 17 de julho de 2018

Fibras alimentares: quais as razões do seu consumo diário para o bem-estar

Na manutenção de um peso corporal normal e sadio e para reduzir o risco da doença cardiovascular e certos tipos de cancro, a nossa alimentação diária, deve ser, obrigatoriamente, rica em fibras alimentares.

As fibras alimentares são constituintes básicos da fruta, dos legumes, das leguminosas e dos cereais completos. Além das vitaminas, minerais e múltiplos compostos moleculares bioativos, as fibras têm um papel insubstituível na regulação de muitos mecanismos fisiológicos do corpo humano.

É por isso que uma ingestão adequada, equilibrada e variada dos alimentos vegetais, viabiliza as quantidades necessárias de fibras, para reduzir os níveis da glicemia e das gorduras após as refeições. Adicionalmente, promovem melhorias substanciais no que respetia à obstipação e contribuem para promover a saciedade, pelo tempo que demoram os alimentos ricos em fibras a serem mastigados, triturados e serem deglutidos.

Depois da digestão e absorção dos alimentos vegetais no intestino delgado, as fibras aumentam a viscosidade no lúmen intestinal, interferindo na absorção do ácido biliar no íleo, a parte final do intestino delgado. Deste modo, o colesterol LDL (low density lipoprotein) é removido do sangue e convertido em ácidos biliares. Essa mudança de recursos dos ácidos biliares, conjuntamente com a ingestão de fibras viscosas, diminui a síntese de colesterol e a hipercolesterolemia.

Simultaneamente, certos componentes das fibras como a inulina, os oligossacarídeos, o amido resistente e outras fibras aumentam a absorção de certos minerais, especialmente do cálcio.

Dentro do possível, escolha diariamente legumes diferentes e fruta. Por exemplo, selecione os legumes da época: um verde-escuro, outro de tonalidade laranja, adicione uma leguminosa como feijão, procure por outro, roxo, vermelho ou verde-claro e confecione-os para comer em salada fria ou estufados nas duas refeições principais – ao almoço e ao jantar. Inclua fruta, coma três, preferencialmente de variedades diferentes.

Seguindo estas recomendações consegue atingir as necessidades diárias de fibras alimentares que são na ordem das 25 g para mulheres adultas e 38 g para homens adultos.

Referências: Dahl WJ, Stewart ML. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: health implications of dietary fiber. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics. 2015; 115:1861-70.;Klack, K., Bonfa, E., & Borba Neto, E. F. (2012). Dieta e aspectos nutricionais no lúpus eritematoso sistêmico. Revista Brasileira de Reumatologia52(3), 395-408.

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sábado, 14 de julho de 2018

Férias de verão com hábitos saudáveis: leve-os consigo ou experimente novos

Nada o impede de aproveitar uns dias de férias de verão de modo descontraído  e relaxante, mas sem esquecer de levar consigo os hábitos saudáveis que já tem ou experimentar novos comportamentos.

É, em ocasiões como são as férias de verão que pode comer melhor, movimentar-se mais e, claro, proteger-se do sol e das horas com níveis de ultravioletas muito elevados. 

Para as refeições principais, selecione os grelhados. Os peixes frescos apanhados na costa marítima onde passa férias, ou os mariscos são excelentes opções. Para variar ao longo dos dias, procure escolher peças de carne magras. Afaste-se da entremeada/barriguinhas, bacon, das salsichas, linguiças e outras carnes processadas.
A investigação tem provas que confirmam: o consumo regular de carne gorda, processada aumenta o risco de cancro do estômago, do cólon e do reto.

Os melhores companheiros dos grelhados são as saladas de legumes, frescas e coloridas, tradicionalmente temperadas à moda do mediterrâneo com ervas aromáticas frescas e perfumadas, algumas com um toque picante, mais disponíveis do que em qualquer outra estação do ano. São excelentes substitutos do sal e acrescentam compostos fitoquímicos que têm efeitos protetores e anticancerígenos. As ervas frescas aguentam bem no frigorífico por 3 a 4 dias, quando são armazenadas, envoltas em papel e guardadas num saco plástico.

Também pode confeccionar espetadas com misturas de vegetais, que enriquecem nutricionalmente qualquer prato, do almoço ou do jantar. Use molho vinagrete nos legumes assados.

Quando comer fora, procure locais com refeições completas. Fuja do bife com batatas fritas com uma folha de alface ou sem legumes. 

E para sobremesa? Brownie de chocolate, gelados tipo sundae, bolas de berlim… Nada disso! Pense se quer tantas calorias de uma só vez. Um sorvete com fruta de verão é a melhor opção.

bebidas hidratantes, férias de verão, Peça bebidas hidratantes que refresquem verdadeiramente. Experimente sumo de melancia, um smoothie, um batido de framboesas. Mas melhor é água e adicione hortelã fresca ou manjericão.
Seja moderado com bebidas que têm álcool ou tremendamente açucaradas. 

Para os lanches de praia ou de viagem, o conselho passa por sanduíches cuja composição deve integrar pelo menos dois legumes, embaladas para suportar o calor e muita fruta. Pacotes de batatas fritas, chips ou bolachas, só têm aquilo que a sua saúde e corpo não precisam: açúcar ou sal e muita gordura saturada. 

Como atividade física ao fim do dia, ou logo pela manhã, avance para uma caminhada de 45 minutos, dinâmica. Não leve telemóvel. Aproveite as vistas do mar, dos vales ou das serras. Nestas férias de verão desligue o televisor, mude para o canal natureza. Guarde o comando da box no cofre do hotel. Dias de férias, são dias para fazer tudo o que não consegue durante o ano inteiro e o mais diferente possível.

No fim das férias queremos estar bronzeados e cheios de energia. Leve um protetor solar com SPF superior a 50, para que a sua pele fique livre de queimaduras.

Referências: Bouvard, V., Loomis, D., Guyton, K. Z., Grosse, Y., El Ghissassi, F., Benbrahim-Tallaa, L., … & Straif, K. (2015). Carcinogenicity of consumption of red and processed meat. The Lancet Oncology16(16), 1599-1600. Photo credits Tianyi Ma on Unsplash, Kaizen Nguyễn on Unsplash 

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sábado, 7 de julho de 2018

O Direito à Preguiça

Quantos de nós estão num trabalho de que não gostam? Quantos de nós se sujeitam a condições pouco dignas para realizar esse trabalho? Quantos de nós fazemos esse trabalho com prejuízo da própria saúde? Quantos de nós se sujeitam a qualquer trabalho para poder pagar as despesas.

Nos tempos modernos cada vez mais nos afastamos da nossa natureza; vivemos em permanente estresse, descuidamo-nos com o corpo e colocamos a nossa mente a contínuas exigências, que nos esgotam e enfraquecem. Vivemos para ter sucesso a todo o custo. Esquecendo-nos muitas vezes, dos nossos sentimentos e o dos outros, pondo em risco a nossa saúde, que é o maior de todos os bens que o ser humano pode ter.

Há milhares de anos, no Oriente, a medicina não curava doenças: ensinava a não as ter! Estar doente era, um sinal de inferioridade. Alguns milénios depois, perdeu-se este sentido profiláctico da “medicina”… Por outro lado, o próprio Hipócrates, pai da medicina ocidental, dizia que “não há doenças, há doentes“.

O progresso social justifica a dedicação humana à sobreprodução de bens que precisam de ser escoados dê por onde der. A produtividade impera e a mecanização de várias funções laborais não consegue diminuir a carga horária dos trabalhadores e muito menos para libertar o Homem.
A obsessão pelo trabalho instala-se nas pessoas, que lutam por melhores condições económicas com prejuízo da derradeira liberdade. A liberdade para fazerem o que bem entenderem com o seu tempo.

Como avaliarão as gerações vindouras a relação que mantemos com o trabalho nos anos que correm?
O esforço dedicado ao trabalho para satisfação do consumo excessivo, ultrapassa a procura de um significado real da experiência humana e é prejudicial ao verdadeiro desenvolvimento humano.
Sim…temos o direito à preguiça!

Referências: Lafargue P. O Direito à Preguiça. Lisboa: Antígona; 2016./ Créditos da imagem David Aimone – “Lazy Day”

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terça-feira, 3 de julho de 2018

Cancro colo-retal: a nutrição na recorrência e sobrevivência

Os doentes com cancro colo-retal têm um elevado risco de recorrência da doença ou do aparecimento de outro secundário, de outras doenças crónicas e de morte associada ou não ao cancro. A evolução clínica depende de determinadas características do tumor, estadio, gânglios afetados, presença ou ausência de metástases, tratamento   doença e alimentação.
Assim, é importante caracterizar os fatores nutricionais que influenciam o risco de cancro colo-retal, assim como as probabilidades de sobrevivência ou recorrência desta doença.

Índice de Massa Corporal e alterações de peso

Apesar de existir consenso em que o índice de massa corporal (IMC) antes do diagnóstico tem um valor prognóstico do risco da doença e de recorrência, o mesmo não acontece com a mudança de peso após o diagnóstico ou durante o tratamento. De facto, não se encontrou associação entre as mudanças de peso voluntário durante o tratamento e a probabilidade de sobrevivência. Contudo, parece que, após o diagnóstico, dietas pobres em gorduras (que podem levar à redução do peso) estão associadas a uma menor probabilidade de recorrência de cancro colo-retal.

Por outro lado, é difícil tirar conclusões acerca da influência da perda de peso ou do baixo peso na recorrência e/ou na sobrevivência. Quase 90% dos doentes com neoplasias avançadas tem uma perda significativa de peso, pelo que a perda de peso ou o baixo peso podem ser uma consequência da doença e não uma causa relacionada com o estilo de vida que determine e module a evolução da mesma.

Além disso, observou-se que a obesidade funciona como uma variável prognóstica independente em sobreviventes de cancro colo-retal, comportando-se de modo diferente em homens e mulheres. O mesmo acontece com o consumo de álcool, que tem sido descrito como fator de risco para o desenvolvimento de cancro colo-retal. Estes dados sugerem que os fatores biológicos relacionados com a obesidade, como o género, podem influenciar o resultado clínico.

cancro colo-retal,Cancro colo-retal: vitaminas e outros compostos

No que diz respeito às vitaminas e outros compostos, a ação em relação ao cancro colo-retal é mais clara, embora haja necessidade de mais estudos. Apesar de alguns deles (carotenóides luteína, licopeno e beta-caroteno – percursor da vitamina A, vitamina alfa-tocoferol, entre outros) não desempenharem um papel prognóstico da sobrevivência, parece que levam a cabo efeitos anti-tumorais in vitro, sendo referidas como compostos anti-tumorais. A relação entre estes compostos e o cancro colo-retal é ampla mas não se pode estabelecer com clareza um efeito comum sobre a progressão tumoral, recorrência ou sobrevivência.

Cancro colo-retal: alterações na alimentação

Por outro lado, sabe-se que a mudança de uma dieta baseada em grandes quantidades de proteína animal e gorduras e baixo conteúdo em fibra (associada a uma maior taxa de incidência do tipo de cancro em questão) para uma dieta rica em fibra e pobre em gorduras e proteínas animais resulta na modificação dos níveis, na mucosa do cólon, de marcadores de proliferação, como o Ki67, ou de inflamação, como o CD3t e o CD68t. Além disso, resulta em mudanças no metabolismo microbiano das espécies que habitam o cólon.

Conselhos nutricionais

Assim, é prematuro avaliar a eficácia do tratamento nutricional na probabilidade de sobrevivência ao cancro colo-retal, devido à falta de consenso sobre o comportamento de biomarcadores como indicadores do prognóstico da doença e que podem ser modificados nutricionalmente pelo IMC, pelos níveis de vitaminas e outros compostos no sangue. São necessários mais estudos para determinar as condições sobre as quais estes fatores funcionam ou não como biomarcadores.

Os conselhos nutricionais a dar devem ser elaborados de acordo com o género, o IMC e os polimorfismos de nucleótidos simples (SNP – Single Nucleotide Polymorphism) dos doentes, já que estes fatores podem afetar significativamente os resultados da intervenção nutricional.

De um modo geral, recomenda-se levar um estilo de vida saudável, após o diagnóstico de cancro colo-retal. Embora o papel da mudança na dieta nas possibilidades de sobrevivência à doença após o diagnóstico ainda seja incerto, fica claro que ela não contribui com efeitos negativos para o desenvolvimento do cancro. Deste modo, uma série de conselhos  nutricionais podem ser desenvolvidos e que complementariam as já ditadas pelas organizações World Cancer Research Found International, American Institute for Cancer Research e a Associação Espanhola Contra o Cancro:

  1. O consumo de suplementos multivitamínicos não é recomendado, embora não sejam desaconselhados. As necessidades vitamínicas são satisfeitas com uma dieta equilibrada.
  2. É importante manter um peso normal, o que é conseguido com uma dieta adequada e equilibrada, combinada com a prática de exercício.
Referências: Mehrkhani F et al. Prognostic factors in survival of colorectal cancer patients after surgery. Colorectal Dis 2009;11(2):157-61; Durko L & Malecka-Panas E. Lifestyle Modifications and Colorectal Cancer. Curr Colorectal Cancer Rep 2014;10:45-54; Pham NM et al. Meat consumption and colorectal cancer risk: an evaluation based on a systematic review of epidemiologic evidence among the Japanese population. Jpn J Clin Oncol 2014;44(7):641-50; Sansbury LB et al. The effect of strict adherence to a high-fiber, high-fruit and -vegetable, and low-fat eating pattern on adenoma recurrence. Am J Epidemiol 2009;170(5):576-84; Boyle T et al. Lifestyle factors associated with survival after colorectal cancer diagnosis. Br J Cancer 2013;109(3):814-22; Haydon AM et al. Effect of physical activity and body size on survival after diagnosis with colorectal cancer. Gut 2006; 55(1):62-7; Scarpa M et al. Obesity is a risk factor for multifocal disease and recurrence after colorectal cancer surgery: a case-control study. Anticancer Res 2014;34(10):5735-41; Sinicrope FA et al. Obesity is an independent prognostic variable in colon cancer survivors. Clin Cancer Res 2010;16(6):1884-93; Laiyemo AO et al. Obesity, weight change, and risk of adenoma recurrence: a prospective trial. Endoscopy 2012;44(09):813-8; Kontou N et al. Alcohol consumption and colorectal cancer in a Mediterranean population: a case-control study. Dis Colon Rectum 2012;55(6):703-10; Leung EY et al. Vitamin antioxidants, lipid peroxidation, tumour stage, the systemic inflammatory response and survival in patients with colorectal cancer. Int J Cancer 2008;123(10):2460-4; O’Keefe SJ et al. Fat, fibre and cancer risk in African Americans and rural Africans. Nature communications 2015;6:6342; World Cancer Research Found International. Cancer survivors. After cancer treatment, the best advice is to follow the Cancer Prevention Recommendation. Disponível em: https://ift.tt/2z6hCoL; Asociacion Espanola Contra el Cancer. Consejos de alimentacion para pacientes con cancer. Disponível em: https://ift.tt/2NkvXRq de imagens: https://ift.tt/2u1sVZB; https://ift.tt/2tP8YWr

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