
Os doentes com cancro colo-retal têm um elevado risco de recorrência da doença ou do aparecimento de outro secundário, de outras doenças crónicas e de morte associada ou não ao cancro. A evolução clínica depende de determinadas características do tumor, estadio, gânglios afetados, presença ou ausência de metástases, tratamento doença e alimentação.
Assim, é importante caracterizar os fatores nutricionais que influenciam o risco de cancro colo-retal, assim como as probabilidades de sobrevivência ou recorrência desta doença.
Índice de Massa Corporal e alterações de peso
Apesar de existir consenso em que o índice de massa corporal (IMC) antes do diagnóstico tem um valor prognóstico do risco da doença e de recorrência, o mesmo não acontece com a mudança de peso após o diagnóstico ou durante o tratamento. De facto, não se encontrou associação entre as mudanças de peso voluntário durante o tratamento e a probabilidade de sobrevivência. Contudo, parece que, após o diagnóstico, dietas pobres em gorduras (que podem levar à redução do peso) estão associadas a uma menor probabilidade de recorrência de cancro colo-retal.
Por outro lado, é difícil tirar conclusões acerca da influência da perda de peso ou do baixo peso na recorrência e/ou na sobrevivência. Quase 90% dos doentes com neoplasias avançadas tem uma perda significativa de peso, pelo que a perda de peso ou o baixo peso podem ser uma consequência da doença e não uma causa relacionada com o estilo de vida que determine e module a evolução da mesma.
Além disso, observou-se que a obesidade funciona como uma variável prognóstica independente em sobreviventes de cancro colo-retal, comportando-se de modo diferente em homens e mulheres. O mesmo acontece com o consumo de álcool, que tem sido descrito como fator de risco para o desenvolvimento de cancro colo-retal. Estes dados sugerem que os fatores biológicos relacionados com a obesidade, como o género, podem influenciar o resultado clínico.
Cancro colo-retal: vitaminas e outros compostos
No que diz respeito às vitaminas e outros compostos, a ação em relação ao cancro colo-retal é mais clara, embora haja necessidade de mais estudos. Apesar de alguns deles (carotenóides luteína, licopeno e beta-caroteno – percursor da vitamina A, vitamina alfa-tocoferol, entre outros) não desempenharem um papel prognóstico da sobrevivência, parece que levam a cabo efeitos anti-tumorais in vitro, sendo referidas como compostos anti-tumorais. A relação entre estes compostos e o cancro colo-retal é ampla mas não se pode estabelecer com clareza um efeito comum sobre a progressão tumoral, recorrência ou sobrevivência.
Cancro colo-retal: alterações na alimentação
Por outro lado, sabe-se que a mudança de uma dieta baseada em grandes quantidades de proteína animal e gorduras e baixo conteúdo em fibra (associada a uma maior taxa de incidência do tipo de cancro em questão) para uma dieta rica em fibra e pobre em gorduras e proteínas animais resulta na modificação dos níveis, na mucosa do cólon, de marcadores de proliferação, como o Ki67, ou de inflamação, como o CD3t e o CD68t. Além disso, resulta em mudanças no metabolismo microbiano das espécies que habitam o cólon.
Conselhos nutricionais
Assim, é prematuro avaliar a eficácia do tratamento nutricional na probabilidade de sobrevivência ao cancro colo-retal, devido à falta de consenso sobre o comportamento de biomarcadores como indicadores do prognóstico da doença e que podem ser modificados nutricionalmente pelo IMC, pelos níveis de vitaminas e outros compostos no sangue. São necessários mais estudos para determinar as condições sobre as quais estes fatores funcionam ou não como biomarcadores.
Os conselhos nutricionais a dar devem ser elaborados de acordo com o género, o IMC e os polimorfismos de nucleótidos simples (SNP – Single Nucleotide Polymorphism) dos doentes, já que estes fatores podem afetar significativamente os resultados da intervenção nutricional.
De um modo geral, recomenda-se levar um estilo de vida saudável, após o diagnóstico de cancro colo-retal. Embora o papel da mudança na dieta nas possibilidades de sobrevivência à doença após o diagnóstico ainda seja incerto, fica claro que ela não contribui com efeitos negativos para o desenvolvimento do cancro. Deste modo, uma série de conselhos nutricionais podem ser desenvolvidos e que complementariam as já ditadas pelas organizações World Cancer Research Found International, American Institute for Cancer Research e a Associação Espanhola Contra o Cancro:
- O consumo de suplementos multivitamínicos não é recomendado, embora não sejam desaconselhados. As necessidades vitamínicas são satisfeitas com uma dieta equilibrada.
- É importante manter um peso normal, o que é conseguido com uma dieta adequada e equilibrada, combinada com a prática de exercício.
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